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Borge personaje : O Evangelho segundo Hitler, de Marcos Peres

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Assume-se obcecado por Jorge Luís Borges e foi ao ler um conto do argentino que nasceu "O Evangelho Segundo Hitler". Polémica à parte, Marcos Peres quer mostrar que teorias da conspiração há muitas.

E se Judas tivesse denunciado Jesus Cristo aos romanos não por maldade, mas por um bem maior que o mundo desconhece? Em O Evangelho Segundo Hitler, primeiro livro de ficção do brasileiro Marcos Peres, o ditador mais odiado da história contemporânea desempenha um papel semelhante ao de uma versão de Judas criada pelo argentino Jorge Luís Borges: ele não é a fonte de todo o mal, mas sim um homem que sacrifica o seu nome e reputação por um bem maior. Sabe que será odiado para todo o sempre, mas acredita que todo o mal que vai fazer é um mal necessário. Depois do sucesso alcançado no Brasil, O Evangelho Segundo Hitler chega agora a Portugal, pela editora Nova Delphi.

Marcos Peres tinha por hábito escrever e, no final, esconder o manuscrito na gaveta. Nunca imaginou que o primeiro livro que iria publicar teria uma capa vermelha com uma suástica, o nome de Hitler em destaque e religião à mistura. Assumidamente tímido, o escritor que também trabalha no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná jura ao Observador, durante a apresentação do livro no Festival Literário da Madeira, que não quis causar polémica.

Mas, antes da polémica, a inspiração. Jorge Luís Borges (1899-1986) é o escritor argentino pelo qual Marcos Peres, de 30 anos, se confessa obcecado. Por isso, quis homenageá-lo aqui com uma “interpretação grotesca. Até se converter numa fundamentação do nazismo”, explica. A ideia para O Evangelho Segundo Hitler nasceu depois de uma leitura do conto Três Versões de Judas, onde Jorge Luís Borges escreve, precisamente, sobre três versões diferentes de Judas. “Uma das versões é diferente do que conhecemos na Bíblia: esse Judas fez um ato maligno [denunciar Jesus, o que contribuiu para a sua morte na cruz], mas é um mal necessário para o bem”, conta Marcos Peres.

Segundo essa interpretação, só haveria bem depois desse ato, tão maligno quanto altruísta. “Na brincadeira do Borges, Jesus renunciou à própria vida. Mas o Judas fez algo muito maior, renunciou à memória, porque ficou queimado na história mundial. Achei muito herético, muito pesado.” Marcos Peres pegou na ideia, pensou alongar as três versões de Judas e escrever um romance inteiro. “Eu queria que Borges fosse meu personagem, porque eu conhecia-o muito bem.” Daí que a personagem principal seja homónima do escritor. “Tinha o Borges, tinha o Judas e precisava de alguém associado ao mal”, explica. Hitler foi o escolhido por ser contemporâneo do escritor argentino. A certa altura da história, o protagonista é inserido no círculo nazi e inspira a ideia de que o nazismo é um mal necessário para um bem maior, mas secreto. Ou seja, Hitler acaba por ser Judas, ao sacrificar-se perante a história da humanidade como a encarnação do mal. Nos livros de história, nunca ninguém falará bem de Hitler, tal como ninguém elogia Judas.
marcos peres


Qualquer semelhança nas páginas iniciais com o estilo ficcional de Dan Brown não é pura coincidência. À época, o autor de O Código Da Vinci, cuja história se centra na família secreta de Jesus, dominava os tops mundiais. No entanto, apesar de tocar no tema da religião, tal como O Evangelho Segundo Hitler, são ficções diferentes. “Na verdade, fiz uma crítica às histórias do Dan Brown. O modelo que utilizei para escrever o livro é de Umberto Eco”, sublinha.

No livro que o escritor e filósofo italiano lançou em 2010, O Cemitério de Praga, há uma teoria conspiratória, onde vários factos são ligados à conspiração. “Ele coloca tudo num caldeirão e, embora eles todos se conectem, no final ele diz: eu fiz uma teoria conspiratória, ela aparentemente faz sentido, mas não quero que a comprem. Olhem, sim, para tudo com olhos críticos. Já no que eu escrevi, os factos são lógicos, mas são irreais. É quase como o Dan Brown, só que num setor oposto, porque Dan Brown coloca uma teoria conspiratória fácil e no final vende essa teoria conspiratória. Esse é o segredo do sucesso dele”, diz Marcos Peres, que confessa não ser fã do estilo.

Católico e proveniente de uma família católica, o livro começou por ser uma brincadeira e Marcos Peres escreveu sem pudor, convencido de que o manuscrito iria parar à gaveta lá de casa, como os anteriores. A escrita deste funcionário do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná era “quase secreta, um ato de confessar para o papel”, conta. Mas o livro acabou por chegar a uma editora. “Mandei para dois amigos e eles pediram para enviar para um concurso de inéditos, em que você manda com um pseudónimo. Sabia que o livro não teria chance, nem pela capa nem pelo título, e porque o prémio Sesc tem uma participação estatal.” Enviou na mesma. De resposta recebeu o prémio e ainda uma mudança muito brusca na sua vida. “De um dia para o outro tive de me declarar escritor, e com uma capa muito polémica“, recorda.
O-Evangelho-Segundo-Hitler-Marcos-Peres


Quando o livro se tornou público, Marcos tentou justificar-se, com medo de represálias para com a família — “Tive medo que falassem para a minha avó: ‘Olhe, seu neto escreveu um Evangelho de Hitler'”. Defende que na literatura não se pode ter medo e pensar que alguém não vai gostar, ou que vai sentir medo. “Naquele momento eu tento centrar-me no que é que o escrito pede. Ele tem voz própria”, diz. Associar Borges a Hitler também não ajudou a diminuir a polémica. Perguntavam-lhe se era nazi e se era ateu. “A capa vermelha com a suástica foi um problema, nunca tinha imaginado que o meu primeiro livro seria associado a uma suástica, então havia muita gente que não sabia se era ficção ou não.”

Por cá, a capa vermelho sangue da edição brasileira foi substituída por uma ilustração do perfil de Hitler. Não para atenuar o choque que pode causar a terceiros, garante Marcos Peres. “Foi a editora que propôs uma nova arte”, esclarece. “Eu conheci o ilustrador da capa, o Alex Gozblau, e ele é fantástico, fez uma capa lindíssima com um Borges grafitado, então ele torna-se um Hitler de uma forma um pouco grotesca.”

Pode a própria religião ser uma teoria da conspiração? “Sim”, responde sem conservadorismo o autor católico. “A teoria da conspiração existe em muitos aspetos da vida, da religião à crença popular, então eu acho que em muitos pontos temos de aprender a olhar com um olhar mais crítico. Eu acho que a religião é um desses aspetos.”

Fuente :Observador



O evangelho segundo Hitler - Marcos Peres

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Entrevista com Marcos Peres, vencedor do prêmio Sesc de Literatura 2013 na categoria romance, com seu livro de estreia O Evangelho Segundo Hitler. Marcos conta ao jornalista Ederson Granetto a experiência de se ter seu primeiro romance premiado e fala um pouco do livro -- uma alegoria em que os nazistas veem na obra de Jorge Luís Borges alicerces para sua doutrina nacionalista.
  
En Brasil,  el escritor Marcos Peres viene destacándose con un romance en que el protagonista es el escritor argentino Jorge Luis Borges. En el romance el Evangelio según Hitler, Borges y un homónimo crean, sin querer, la semilla que resulto la monstruosidad del nazismo. Al asociar a Borges con Hitler, Peres comete una enorme herejía al mismo tiempo en que reafirma su amor por uno de los mayores escritores argentinos de todos los tiempos.

Fuente : You Tube

Documento : Manifiesto donde Borges protesta por el fusilamiento de Federico García Lorca - 1936

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La Diputación de Granada ha editado el libro 'Federico García Lorca. Manifiestos, adhesiones y homenajes (1916-1936)', de Rafael Inglada.

Una de las grandes aportaciones de este volumen es la reproducción de siete de los primeros escritos en protesta por el fusilamiento del granadino que fueron redactados por intelectuales en el mismo 1936. Entre estos manifiestos, situados en el tramo final de este libro de Rafael Inglada prologado por Ian Gibson, llama la atención el que redactó una treintena de intelectuales argentinos, con Jorge Luis Borges incluido entre sus firmantes: "No sabemos si los autores de su muerte son los soldados marroquíes o los mercenarios internacionales que constituyen el grueso de sus tropas. Sólo sabemos que a la sombra de la bandera que pretende reivindicar el esplendor de las antiguas glorias españolas, ha sido brutalmente apagada una de las voces más puras y nobles de la nueva España", escriben en una misiva dirigida al general franquista Miguel Cabanellas.

MANIFIESTO DE LOS INTELECTUALES ARGENTINOS AL GENERAL MIGUEL CABANELLAS

Al señor Cabanellas. Burgos, España:

Un joven poeta, que era el honor y la gloria de las letras de habla hispana -Federico García Lorca-, ha sido salvajemente ultimado en tierras de Andalucíapor hombres que, directa o indirectamente, actúan a sus órdenes. No sabemos si los autores de su muerte son los soldados marroquíes o los mercenarios internacionales que constituyen el grueso de sus tropas. Sólo sabemos que a la sombra de la bandera que pretende reivindicar el esplendor de las antiguas glorias españolas, ha sido brutalmente apagada una de las voces más puras y nobles de la nueva España. En nombre de la civilización y la cultura ultrajadas con ese crimen injustificable, nosotros, escritores argentinos, identificados con la causa de la civilización, que encarnan en este momento las armas de la República, protestamos ante usted con nuestra máxima vehemencia y le decimos que la noble sangre de Federico García Lorca, que sólo corrió impulsada por el amor a la belleza y a la justicia, ha puesto una nueva mancha, imborrable esta vez, sobre las espaldas culpables de su muerte.

Gonzalo Carballo, Aníbal Pozos, Enrique Amorim, María Rosa Oliver, Elías Castelnuovo, Córdova Iturburu, Alejandro Castiñeiras, Víctor Juan Guillot, Rojas Paz, Aristóbulo Echegaray, Arturo Orzábal Quintana, Álvaro y Gervasio Guillot Muñoz, José Portogalo, Edmundo Guilbourg, Luis Reissig, César Tiempo, Samuel Eichelbaum, Deodoro Roca, Silvia Guerrico, Ernesto Giudice, Rodolfo Araoz Alfaro, José P. Barreiro, Carlos Mastronardi, Luis Saslavsky, Faustino Jorge, Álvaro Yunque, Eugenio Julio Iglesias y Jorge Luis Borges.



La profecía de Borges y Bioy

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Marcelo Simonetti

Lo escribieron a cuatro manos, Jorge Luis Borges y Adolfo Bioy Casares. Uno, Borges, no podía entender el fervor que el fútbol despertaba en la gente: veintidós hombres corriendo de manera estúpida detrás de un balón. El otro, Bioy, prefería el tenis. Aun así, una noche cualquiera de 1967 se impusieron la tarea de escribir un cuento en el que el fútbol fuera una cuestión capital dentro de la historia. Entonces nació Esse est percipi -en español, Ser es ser percibido-. Ajenos a la pasión futbolera, los dos argentinos concibieron el argumento de un cuento macabro para cualquier hincha: una conversación dejaba al descubierto que el fútbol se había convertido en una representación dramática a cargo de un hombre en una cabina y algunos actores. Todo pasaba por la televisión. De hecho, uno de los personajes del cuento, Tulio Savastano -presidente del club Abasto Junior-, verbaliza la tragedia: “No hay score ni cuadros ni partidos. Los estadios ya son demoliciones que se caen a pedazos. Hoy todo pasa en la televisión y en la radio. La falsa excitación de los locutores, ¿nunca lo llevó a maliciar que todo es patraña? El último partido de fútbol se jugó en esta capital el día 24 de junio del 37”.

Me acordé del cuento de Borges y Bioy cuando los diarios y los portales virtuales informaban de la reelección de Joseph Blatter el viernes último. Los votos le daban un triunfo avasallador: 133 contra 73 cosechados por Al-Hussein. Entre aplausos y abrazos, Blatter recibía el mandato de los presidentes de federaciones de seguir, por un quinto periodo, al mando de la FIFA. Pero tras los últimos acontecimientos, el presidente electo no tenía demasiadas razones para celebrar.

Las investigaciones del FBI no sólo develaron la responsabilidad de importantes colaboradores de Blatter en la comisión de delitos de corrupción, también dejaron entrever que el soborno es una práctica que al interior de la FIFA está establecida como parte del modo de hacer las cosas.

Desde hace años la FIFA nos ha hecho creer que las licitaciones por los derechos televisivos, que las votaciones de sus autoridades, que la elección de las sedes de las diferentes Copas del Mundo son realidad pura. Y sin embargo, vistas las pruebas y evidencias, no han sido más que pantomimas, verdaderas puestas en escena tan artificiales como los decorados de las antiguas películas de Godzilla. Y quién sabe cuántas cosas más tendrán la misma apariencia de verdad que luego de hurgar un poco terminará resquebrajándose.

¿Qué se puede esperar de este quinto mandato de Blatter? ¿Con qué autoridad moral gobernará en circunstancias que el descrédito de su imagen -más allá de los números de la votación- es evidente? ¿Cómo mantener la presunción de inocencia sobre su persona entendiendo que en una organización tan vertical como la FIFA se hace difícil creer que el presidente no supiera o sospechara de los negociados que se fraguaban casi en sus narices?

Pase lo que pase es de esperar que los acontecimientos no se desarrollen tan rápido y que cuando menos la Copa del Mundo de Rusia, en 2018, siga siendo lo que ha sido. De lo que no debiéramos sorprendernos es que Qatar 2022 se juegue sin estadios, dentro de un set de televisión, con un hombre en la cabina relatando partidos ficticios, falsos, que sólo cobrarán vida por el empeño y el oficio de un grupo de actores corriendo tras un balón.

Fuente : La tercera.com

Escribir, según Jorge Luis Borges

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René Sánchez García

 Cuatro fueron sólo algunas de las pasiones más importantes que en vida desarrolló Jorge Luis Borges (Buenos Aires, 1899-Ginebra, 1986), ser: lector, escritor, docente y conferencista sobre temas literarios. La infinidad de sus trabajos escritos (poesía, cuento, relato, ensayo, novela, artículo, etcétera) publicados, los realizó sintiendo una necesidad íntima por hacerlo, nunca por encargo. Sus variados temas que abordó a lo largo de su trayectoria nunca los buscó, dejó siempre que los temas lo buscaran a él, de allí que afirmara que su actitud de escribir fue siempre ilógica y mágica. Sus críticos a su escritura la llamaron fantástica, pues al decir de José Emilio Pacheco, “esa realidad no puede ser entendida ni descrita, sólo imaginada”. Sus teóricos coinciden en señalar que las ficciones de Borges nos hacen intuir la parte oculta de la realidad y nos devuelven la capacidad de ver el mundo como algo inédito. O bien, que la satisfacción que produce leer a Borges no reside tanto en la solución de un enigma como en la dimensión misteriosa que le da a las cosas vulgares.

Muchos de sus trabajos escritos resultan un tanto difíciles de leer y comprender. Los analistas de su obra aseguran que lo anterior se debió a que Borges fue siempre fiel a sus fantasmas (laberintos, brújulas, máscaras, espejos, tiempo, eternidad, vida, muerte, tigres, cuchillos, libros, pero sobre todo, sus sueños y la progresiva ceguera que siempre lo persiguieron). Supersticiones que siempre avergonzaron al escritor, desde su temprana infancia hasta su muerte y que nunca pudo superar, pese a que mediante la lectura y escritura trató de evitarlas. Aunque Borges siempre mencionó que escribió del modo más sencillo posible, lo cierto es que cuando lo hacía, utilizaba casi a menudo dos argumentos: uno falso y otro auténtico, así como personajes imaginarios y reales, lo cual terminaba por confundir. Más aun, porque muchos de sus escritos están llenos, no sólo de dimensiones filosóficas, éticas y religiosas, sino porque al leerlas, encontramos imágenes, metáforas, ironías, sátiras y hasta un fino humor al momento de injuriar tanto al yo como al otro.

Los conocedores de la obra borgeana aseguran que el argentino nunca aprovechó la riqueza de la lengua española, no sólo por la gran influencia que ejercieron en su obra escrita los clásicos griegos y los autores ingleses; sino también porque a los personajes de sus cuentos, novelas y relatos los hacía expresar de una manera oral original, esto es, haciéndolos hablar de acuerdo con su ambiente y cultura, pasada o futura. Borges alguna vez expresó: “Dije que no quería aprovechar ninguna riqueza, soy un hombre moderno y quiero expresarme de un modo lúcido e inteligible. Yo creo que esa idea de escribir con todo el diccionario es un error”. Y todo esto de alguna manera lo reafirma Luis Landero, cuando expresa: “Yo sospecho que Borges sabe tanto de teología, filosofía o lingüística como de pulperías, compadritos, esquinas rosadas, guapos y prostíbulos. Su saber es ante todo poético y se nutre a menudo de vislumbres y pálpitos. De la misma manera que su poesía es una prolongación imaginaria del conocimiento, y gran parte de su obra es el producto de ese coloquio equívoco entre el corazón y el intelecto”.

Para elegir o seleccionar a sus personajes, Borges utilizó por lo regular dos métodos. El principal, los nombres de sus abuelos, bisabuelos y demás; el otro, nombres que por algún motivo le impresionaron. Lo cierto es que sus relatos escritos están llenos de nombres, lugares, fechas, autores, libros, animales, situaciones y acontecimientos extraños, muchos de los cuales son producto de su inventiva e imaginación y lo hizo “para que la gente no descubriera que son más o menos datos autobiográficos”. Este escritor sostuvo que las cosas que se dicen en literatura eran casi siempre las mismas y que lo más importante es la manera nueva de decirlo. Asimismo, que lo fundamental es la carga de pasión del pensamiento que se trasmite a través del lenguaje “y diría, a veces a pesar del lenguaje”. El ideal estético de Borges fue meter el mundo, o al menos un buen pedazo de él, en la secuencia mágica de unas breves palabras, dice Landero. Todo esto con la intención de rebasar las fronteras entre lo real y lo imaginario, convertir el acto de escribir en algo dinámico y sustancia al acto de leer e interpretar, y nombrar el Universo con las palabras.

Quien fuera director de la Biblioteca Nacional de Buenos Aires en 1955, sintió mayor presencia por la poesía y el cuento que por los otros géneros que también desarrolló a lo largo de casi medio siglo. Sobre la poesía mencionó que ésta no tenía nada que ver con la inteligencia o la sabiduría, más bien, tiene su naturaleza propia o algo en sí misma. “En la poesía, el punto de partida tiene que ser la emoción. Ahora —continúa diciendo— que la meta puede ser la belleza u otra, como concentrar hermosas palabras”. Sobre el cuento, nuestro autor dijo que siempre estaba por lo regular escribiendo el mismo cuento, sólo que con tres o cuatro argumentos distintos, a los que sometía a tratamientos distintos, con una inflexión también distinta, “pero sobre todo en otras circunstancias y luego, ya son nuevos”. Nunca se sintió seguro ni de sus poemas ni de sus cuentos publicados, por ello aclaró en alguna ocasión: “A las palabras poeta y escritor no hay que darles adjetivos”.

La pasión por ser escritor, así como los autores que prefirió, los que leyó y los que nunca pudo leer, las transmitió a los jóvenes mediante su labor docente, a quienes recomendó escribir sólo cuando sintieran esa necesidad íntima de hacerlo y sin ese apresuramiento por publicar. Así como nunca descreer de lo que se escribe, pues de esa manera difícilmente se podrá esperar que le crean sus futuros lectores. Nada de lo que escriben los jóvenes es tonto, obvio o común, toda esa escritura inicial donde plasman sus ideas, buenas o malas, sólo deben ser expresadas con sencillez. “No creo que un autor deba meterse con su propia obra. Debe dejar que la obra se escriba”.

Y para quienes sienten esa necesidad de expresarse de forma escrita les recomendaba corregir muchísimas veces los borradores, diez, doce veces. Dejar el manuscrito por un tiempo, al releerlo al cabo de quince días, se encontrarán errores y repeticiones que deben evitarse. Borges expresaba a sus alumnos: “A veces me viene un soneto. Mentalmente lo escribo. Mido. Y se va al papel. Luego a un cajón. Por un mes. Pulo. Hago como Kipling. Corrijo y escribo. Tacho, elimino y reescribo”. Y continúa diciendo: “Creo que lo que escribo actualmente tiene siempre cierto nivel y que no puedo mejorarlo mucho ni tampoco arruinarlo mucho. En consecuencia, lo dejo en paz, me olvido y pienso en lo que estoy haciendo en este momento frente a ustedes”.

Recordemos que por mucho tiempo Borges fue criticado y repudiado en su propia patria, debido a su postura en contra a la forma en que era gobernado su país, asunto que influyó para no alcanzar nunca el Nobel de Literatura. Sobre esto alguna vez comentó: “El escrito debe ser juzgado por el placer que da y por las emociones que produce. En cuanto a las ideas, después de todo no es muy importante si un escritor tiene una u otra opinión política, porque la obra saldrá bien a pesar de ellas”. Para él, no era lo mismo escribir que hablar, pues para escribir tenía más tiempo para reflexionar y corregir; en tanto que al hablar se dejaba llevar sólo por los comentarios que a sus oídos llegaban, sin poder comprobar nada a través de su vista. “No puedo leer ni escribir, qué otra cosa me queda sino vivir soñando, planeando, haciendo borradores mentales”.

El autor de Ficciones, El Aleph, El libro de arena, El informe de Brodie, entre otras obras más, así como también crítico, traductor, editor y hasta guionista cinematográfico, mencionaba muy a menudo, que después de casi medio siglo de vida literaria: “lo único que he logrado es que la gente me reconozca por la calle, o sea, lo que nunca me había propuesto”. Dijo ser el primer asombrado por su renombre literario logrado, reconociendo que los imitadores son siempre superiores a los maestros, pues sus trabajos escritos publicados son mejores, hechos de manera más inteligente y con mayor tranquilidad, por ello, “ahora cuando escribo, trato de no parecerme a Borges, porque hay mucha gente que lo hace mejor que yo”. Algunas veces confesó sus temores de que lo declararan impostor o chapucero, o bien que se dieran cuenta alguna vez que no era escritor. Pero lo cierto es que él no podía vivir sin escribir y “si no escribo siento una especie de remordimiento”.

Termino esta recopilación de comentarios con unas palabras de José Emilio Pacheco acerca de Borges: “…y sin embargo cada lectura es única, hay un Borges distinto para cada persona que lo lee. Si volvemos al libro suyo que leímos ayer, ahora será diferente”. A título personal considero que la clave a lo expresado por José Emilio está en lo que el mismo Borges alguna vez expresó: “Escribir es plagiar, a conciencia o sin proponérselo. La única explicación de este robo interminable, comenzado hace treinta mil años, es inventar autores que no existen y atribuirles lo que no escribieron”.

Fuente : Siempre – Presencia de México

Jorge Luis Borges, según Carlos Gaviria

Burgess y Borges en anglosajón

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Anthony Burgess narra un encuentro con Borges:

    También fue aquélla la ocasión en que Borges y yo cruzamos unas palabras en anglosajón. Era una fiesta que daba en su honor la embajada argentina, y había demasiados espías alrededor, pendientes de alguna palabra acriminadora que pronunciase el distinguido escéptico. La conversación, de hecho, fue un recital antifónico del himno de Caedmon a la Frumsceaft o Creación, y su tenor fue el siguiente:

    Burgess: Nu we sculan herian heofenrices weard.
    Borges: Metodes mihte and his modgethonc.
    Burgess: Weorc wuldoraeder swa he wundras gehwaes.
    Borges: Ece dryhten ord anstealde.

    No digo que no haya ningún error en el dialecto, pero lo cierto es que dejamos muy mosqueados a los espías. Anótese ello en el haber de la erudición.

La cita viene de las memorias de Burgess, que llevan el título de Ya viviste lo tuyo


Fuente :  Wordpress


El carnet de biblioteca que Shakespeare le dejó a Borges

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Por Cristina Perez

"Shakespeare le dejó a Borges su credencial para la biblioteca de Cambridge". Vuelvo a leer el título que imagino para mi historia : "Shakespeare le dejó a Borges su credencial para la biblioteca de Cambridge". Nadie puede desmentirlo. Tengo las pruebas. La teoría de la correspondencia me indica que mi afirmación coincide con la realidad y por lo tanto , técnicamente es verdad. Tomo de nuevo el carnet. ¿Quién es T. W. Shakespeare? Desando en mi memoria los hechos a los que debo este hallazgo. Presiento que alguien más está escribiendo. Entregada a mi rol de personaje pienso en la frase de Dante: 'tú eres mi maestro y eres mi autor'. 'Borgiano, esto es Borgiano', me digo una y otra vez.

Mi visita a Ginebra no había sido planeada. La sola mención de esa ciudad tenía para mí otro nombre: Borges. Era domingo, y junto a mi marido seguimos el mapa de una urbe que por momentos parece fuera del tiempo a pesar de la precisión suiza de sus relojes. El tiempo parecía más banal que nunca ese día. Cuando llegamos a Plain Palais, el Cementerio de los Reyes, nos encontramos con un solar apacible que a la vez no era otra cosa que un laberinto. No había nadie a quien preguntar y la gentileza del sol de otoño no solucionaba la desorientación. Buscamos el número de la tumba pero desistimos: la enigmática relación de esos números con el orden de los sepulcros sólo evidenciaban lo fútiles que eran en ese lugar las disposiciones de esta vida.

Faltaba poco para el cierre y había sólo una tumba con visitas. Supimos extrañamente que era la de Borges y caminamos hacia allí con certeza de marionetas bien guiadas, en medio de reparaciones y barro luego de una tarde de lluvia. No nos habíamos equivocado.

Quienes visitaban a Borges eran una profesora de Literatura y una alumna que estudiaban su obra. La docente estaba encantada de poder escuchar a gente que hablaba como en el país de Borges. Mientras yo intentaba responder sus preguntas, mi marido prestó atención a la tumba contigua.: "Parecen las manos de Rodin", dijo, recordando las emblemáticas esculturas de manos del artista galo. Como por arte escénico alguien contestó en un español claro pero con inconfundibles arrastres del francés: "Son las manos de mi marido".

Allí conocí a Ana Simon, la esposa del celebrado actor franco-suizo Francois Simon sepultado en la tumba contigua a la del escritor argentino. Ella, directora de Cine y poeta no sólo había rodado el film "Ginebra de Borges", sino que había pasado años recolectando casi con beatitud las emotivas cartas, y objetos que la gente le dejaba a Borges "como si fuera un Santo". Esa misma tarde y con interminable generosidad ella nos llevó a conocer los rincones preferidos del hombre que en el atardecer de la vida volvió al lugar donde había sido feliz en su niñez. Con Ana nos hicimos amigas. Ella me regaló sus libros de poemas y yo comencé a mandarle mis piezas poéticas.

A la mañana siguiente volví a la tumba y dejé un mensaje con unos pocos versos, de Borges. Avergonzada me quedé muda en el papel sintiendo que no podía escribirle a Borges algo mejor que sus propias líneas. Pero la historia no había terminado.

Una mañana ya de vuelta en Madrid donde me reponía de unas lesiones en mis hombros, un envío desde Ginebra me hizo depositaria de palabras que no eran mías. Ana me enviaba varios de esos mensajes que los peregrinos de la tumba de Borges dejamos como si fuera un abrazo o un agradecimiento perdurables. El sobre de cartón con indicaciones en francés contenía decenas de esas misivas que por esa forma secreta que tiene el azar para escribir sus libros llegaban a mis manos. Para mi sorpresa, hasta mi propio mensaje, todavía con tierra y un poco maltrecho volvía a mis manos. Yo me preparaba para regresar a Buenos Aires e indudablemente esas esquelas tenían decidido volver conmigo. Al llegar me contacté de forma inmediata con mi colega y amiga de La Nación Susana Reynoso. Me perturbaba que no se contara la historia, porque esas cartas pedían voz y Susana se las dio.

No estaba lejos un capítulo aún más sorprendente que llegaría también por correo y con la aparente sencillez de los hechos sorprendentes, que ocurren como ignorando que son milagros. Otra vez un sobre papel madera con indicaciones en francés. Me alegró pensar que recibía noticias de Ana. Pero había más que eso en el sobre. Algo que no era de papel se deslizó hasta caer al suelo. Un carnet de la Biblioteca de Cambridge y más mensajes a Borges. Entre ellos una carta de desamor rezaba: "No hay nada Borges, absolutamente nada. Sólo el rostro de Adriana, un rostro que se olvidó de mí. Con infinita tristeza. Con infinita veneración...C.E." Había también programas a eventos culturales en Ginebra en los que Ana me escribía sus líneas: 'Un joven le dejó a Borges su identificación de la Universidad' leí. Volví a tomar el carnet de la biblioteca. Miré el rostro del joven que se había desprendido de su carnet. Pensé que Borges se habría emocionado con tal gesto que llegaba de una patria que consideraba propia por su ascendencia y por su amor por la lengua inglesa. Pensé también que quienes dejaban parte de su alma o de sus vidas allí en la tumba no se lo dejaban a un muerto, se lo dejaban a alguien que vive. Sentí esos talismanes como una prueba de la inmortalidad. Pero no hubo demasiado tiempo para la emoción. Seguí revisando con atención: mis ojos pasaron del escudo de la Universidad, a la validez del carnet , a las siglas de la credencial, al código de barras, a la mención del King's College, hasta que al azar volvió a asaltarme cuando leí el nombre de ese rostro: T.W. Shakespeare. Descreída, pensé que sería el título de algún curso pero bajé a la firma: Tom Shakespeare, se leía claramente. Volví a leerlo. Shakespeare le había dejado su credencial de la biblioteca de Cambridge a Borges. A Borges quien se figuraba la felicidad y el paraíso en la forma de una biblioteca. Los genios se encontraban desde sus nombres más allá de la vida. La palabra 'genio' es una de esas palabras para las que no alcanza la definición de los diccionarios. Sólo se completan cuando uno menciona a la persona que con su sólo nombre explica la genialidad.

Ese día decidí buscar a Shakespeare. Su foto me ayudaría a no dar pasos en falso si recurría a Internet. Igualmente decidí ejercitar la duda ante la evidencia con la que contaba. Desde Cambridge Janet Juff, Asistente Senior del Tutor del King´s College me confirmaba que Tom Shakespeare obtuvo su PhD -Doctorado en Filosofía - en el Kings College. Debí contarle mi historia para obtener tal devolución. Al mismo tiempo emprendí la caza virtual. Decidí postergar la lectura del perfil en Wikipedia. Llegué al Centro de Investigación de Política , Etica y Ciencias de la Vida de la Universidad de Newcastle. Voila! En el curriculum del Genetista y Sociólogo estaba la foto del hombre que miraba desde el carnet de la Biblioteca de Cambridge.

Allí supe que Tom William Shakespeare no era sólo un cruzado de los derechos de los discapacitados que completaba un proyecto de investigación sobre Crecimiento Restringido, sino que él lo padecía. Volví a Wikipedia, donde también se mencionaba su caso y que además había heredado esa enfermedad de su padre, Sir William Shakespeare. En el obituario de Sir William fechado el 30 de Marzo de 1996 en el diario The Independent se lo mencionaba como un médico de renombre que había 'aceptado el desafío de padecer acondroplasia -baja estatura por problemas de crecimiento- y había superado las reservas de sus padres decidiendo estudiar medicina'. También contaban que había elegido especializarse en pediatría porque 'pienso que siendo un doctor pequeño, me hará más aceptable para ansiosos y pequeños niños'. Hijo del Ministro de Guerra Sir Geoffrey Shakespeare , miembro del Partido Liberal y primer barón, William anunció su casamiento en el 400 Aniversario del nacimiento de su homónimo, William Shakespeare, el dramaturgo y su asistente en la boda fue un amigo cercano llamado Bill Macbeth. Sí Macbeth. Para mi asombro se hablaba allí de un lejano parentesco con el Shakespeare de Hamlet que lo había llevado a ser miembro del la Fundación del Teatro Globo y a participar de la ceremonia en que se guardó una cápsula del tiempo en la bóveda del teatro donde el bardo ponía sus obras en escena. ¡Lejano parentesco! La historia me llevaba pero faltaba encontrar a Tom.

Llamé con seguridad a la Universidad de Newcastle pero la respuesta me desilusionó. "Ya no trabaja aquí". Seguí vagabundeando sin destino en internet. Escribir Tom William Shakespeare en el Google devuelve una observación: ¿quiso decir William Shakespeare? . No. Quise decir Tom William Shakespeare. El segundo intento me llevó a Facebook. Yo no tenía perfil en Facebook hasta 5 minutos después. Otra vez la foto del carnet pero a cuerpo entero. En un banco con sonrisa amigable y su baja estatura luciendo anecdótica había dado con Tom William Shakespeare. Decidí escribirle. "Estimado Dr. Shakespeare, Tal vez usted encuentre extraño este mensaje. (...) Si usted visitó la tumba de nuestro querido Borges en Ginebra, estoy segur de que entenderá por qué lo estoy contactando. (...) Prefiero no añadir las razones que me llevan a buscarlo hasta que usted no confirme su identidad en caso de que éste no sea un perfil oficial".

La respuesta no demoró. "Sí visité la tumba de Borges en Ginebra. Fue uno de los primeros lugares que visité allí. Soy un gran admirador de su obra". Con su respuesta no dudé en abrir mis cartas: "Dr. Shakespeare, Verá , esto es muy curioso..." Le conté de Ana Simon, de los mensajes en la tumba y de su carnet de la Biblioteca de Cambridge que yo tenía frente a mí. Le referí que preparaba 3 conferencias sobre poesía en la Feria del Libro y que me había parecido poético relatar a la audiencia que Shakespeare le había dejado su carnet de la Biblioteca de Cambridge a Borges pero que como periodista había sentido la pulsión imparable de buscar a la persona real y que eso me había llevado a buscarlo. "Estaría muy agradecida de saber si usted dejó su carnet allí , por qué lo hizo o si simplemente lo perdió" . Si decidió dejarlo voluntariamente me gustaría saber qué piensa de esta causalidad que yo encuentro definitivamente borgiana. Es que su carnet estaba en Buenos Aires. Esperé casi dos días la respuesta y no ganó mi escepticismo. Tom William Shakespeare no había perdido su carnet allí: "Hubiera querido llevar flores a la tumba pero tenía mis manos vacías. Sentí fuertemente que necesitaba dejarle algo a Borges y todo de lo que disponía en mi billetera era mi viejo carnet de la Bibioteca de Cambridge, una de las más fabulosas del mundo. Sabiendo que Borges era bibliotecario y sabiendo de su admiración y afecto por Shakespeare, sentí apropiado deslizarla en la tierra al lado de la tumba. Me alegra que usted haya sentido esto como un gesto Borgiano. Así percibo yo su esfuerzo de buscarme".

Había encontrado a Shakespeare. Shakespeare había encontrado a Borges. Quise saber más y él respondió.

Me contó que lo había llevado a Ginebra su nuevo trabajo de consultor de la Organización Mundial de la Salud y que allí había entablado un romance con una colega. El primer fin de semana que habían compartido juntos visitaron la tumba de Borges. "Yo estaba muy interesado en la lápida porque en la Universidad de Cambridge había estudiado Anglosajón, lenguas Nórdicas y Celta". Recordé el regocijo de Borges cuando ya gozando de poca visión encontró como uno de los dones de la ceguera el estudio del Anglosajón. Mi intercambio con Tom continuó y pronto supe que hacía meses había quedado parapléjico. Sentí enorme pesadumbre, y así se lo hice saber. Me respondió con un coraje entrenado por la adversidad. Le referí a alguien mi historia en esos días. Pensó que como nuestro Borges, Tom también estaba "limitado por una realidad física". Pensé que a fin de cuenta todos lo estamos.

En un próximo mail Tom me sorprendió enviándome un libro inédito en el que rastrea los legados de su familia, desde los objetos que pasaron de generación en generación hasta los genes mismos y sus misteriosos caminos . No sin ironía frente a su enfermedad, el libro se llama Una Herencia No Pequeña y refiere tanto su pesquisa genética como las implicancias de llamarse Shakespeare en la vida de una persona. "Nada puede llamarse deforme excepto la crueldad. La belleza es la virtud": con esa cita de Noche de Reyes comienza el capítulo II mientras el IV está dedicado a las posibles conexiones genéticas de la familia de Tom con William Shakespeare, el dramaturgo.

En una respuesta que demoró una semana William Hunt Oficial a cargo del Colegio de Armas del Reino Unido en la semana del 11 de mayo de 2009, me confirmó que "los barones Shakespeare descienden de Humphrey Shakespeare quien se casó en 1649 aunque las conexiones con la familia del dramaturgo se mantienen no probadas". A esta misma conclusión había llegado Tom aunque el rastrillaje genealógico de otro descendiente de un Shakespeare lo llevó a un posible tronco común según el cuál la clave fue "Adam Shakespeare , ancestro de todos nosotros -los Shakespeare - y cuyo origen se remonta a 1389". Si la hipótesis del ancestro común fuera cierta Tom y William Shakespeare serían algo así como primos lejanos. El "alma de una era" como llamó Ben Jonson al gran poeta inglés de todos los tiempos, nació el 23 de Abril de 1564, en el celebrado Siglo XVI.

"Lamento que no se mencione a Borges" en este libro, me advirtió Tom, aunque leyendo sus páginas observé no sin maravillarme que al encontrar finalmente la tumba de sus tíos, John y Hannah Shakespeare camino a Stratford donde nació el bardo, "no por primera vez en mis viajes deseé haber tenido flores para dejar allí". Eso también le había pasado ante la tumba de Jorge Luis Borges.

No sólo el pasado sino también el presente reserva una paradoja para Tom Shakespeare. Padre de, Ivy y Robert, nunca logró que sus hijos aceptaran llevar su apellido. "Yo les pasé mis genes, heredaron mi discapacidad y tal vez ecos de mi personalidad pero yo soy el punto en el que esta línea de Shakespeares termina".

Así, el último de los Shakespeare de una familia del Siglo XVII, fue quien llegó a la tumba de un escritor argentino que vivió más de 350 años después y para quien "Nadie fue tantos hombres como aquél hombre..." refiriéndose a William Shakespeare en la magistral biografía borgiana del bardo llamada Everything and Nothing. El último de un linaje llegó para encontrar a los genios con la credencial de una biblioteca, o del paraíso.

Ahora está escrito. .

Fuente : LaNacion.com


Marginalia

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Por Hernando Quagliardi

De atrás para adelante. Un día de julio de 1960, ocupado en la preparación de una conferencia sobre Shakespeare que dará en el salón Peuser, Borges busca en un libro de la editorial Penguin, una anotación por él manuscrita en la cara exterior de la contratapa en la que registró los distintos nombres del príncipe Hamlet a través de la historia. Como ya casi no puede ver, le pide a su madre que lea esos antiguos nombres que anotó alrededor de 1939. Su memoria ha retenido vagamente la cita.

La profesora S. O. de M. y V. compra una tarde cualquiera de finales del año 1961 la primera edición del libro "Antología personal" de Jorge Luis Borges editado por Sur. Se aferra al bolígrafo y lo primero que hace es escribir su nombre en la portadilla. Luego subraya dos líneas del prólogo y anota una correspondencia entre paréntesis que remite a la página 85 donde se incluye el texto "Una rosa amarilla". En otro momento regresa al prólogo y escribe, al pie, unas objeciones en lápiz.

A lo largo de un tiempo indeterminado porque es el tiempo de la lectura y del estudio, la buena profesora subrayará con tinta negra y marcará con una cruz en el margen, las treinta y dos veces que Borges escribió el verbo "soñar" en todas sus conjugaciones y los sustantivos "sueño" o "soñador" en el cuento "Las ruinas circulares" que corre por las páginas 70/75 de esa primera edición. También destacará las múltiples erratas deslizadas por los editores.

Borges no puede saber lo que hace su lectora, pero esas erratas han desaparecido en las "Obras Completas". Por ejemplo: el término inequivocadamente que figura en la página 119 y que S.O. de M. y V. resaltó (en tinta verde esta vez) agregando esa cruz que raspa, tilda y comprueba como si de la corrección de un examen se tratara, ha sido reemplazado acertadamente por el término "inequívoco".

Causas remotas. En el mundo medieval monjes ateridos de frío, con hambre y sueño, anotan al margen sus estados de ánimo al momento de la lectura. Cuando esas expresiones aclaran un texto oscuro, los copistas las introducen hasta fundirse en un solo y único escrito o en la forma de escolios.

En 1797 Samuel Colerigde sueña un poema entero de unos trescientos versos sobre un palacio. Se lamenta justamente él que ha escrito sus mejores conferencias en los márgenes de los libros porque alguien lo interrumpe en plena tarea de transcripción. De ese largo poema soñado queda solo un resumen, unos pocos versos que, según se ha dicho, condensan lo mejor de la lengua inglesa.

Un paso necesario. Una tarde de 2011 llego a la librería de anticuario "Ornitorrinco" y paso más de una hora buscando "novedades". Solicito libros que no están a la vista. El librero anota los pedidos y me exhibe unos facsimilares abandonados en la trastienda. El librero ha construido una cabina de madera que parece el puente de mando de un barco. Fuma bastante, ofrece café y se presta para la charla. Entre un tema y otro, comienza a temer que me vaya sin comprarle nada. Durante todo ese rato ha entrado un solo cliente. Se trata de una mujer interesada por la demonología. El hombre le ofrece un tratado sobre El juego del truco y otros juegos tradicionales en Buenos Aires de 1860.

- El demonio puede estar en cualquier parte- le dice.

Sobre el final de nuestra entrevista, accidentalmente como por obra de un descarte involuntario, cae de una pila mal apoyada, el tomito de Borges.

- ¿Cuánto? -pregunto.

El librero pone un precio un 20 por ciento por encima de su valor estimado. Aun así lo llevo sin discutir. Parece que hago mal, pues no soy correspondido con la alegría que esperaba de él.

Notas al margen. Otras lecturas, otras actividades, desplazan ese objeto que reserva rasgos y marcas ajenas entre sus páginas. Sin embargo, simetrías incomprensibles colaboran en esta trama hecha al margen de la realidad: El cuento El testigo, de Sergio Chejfec "donde se consultan guías telefónicas de los años 30 en busca de la dirección en la que pudieron haber vivido Cortázar y otros escritores de la época para enfrentarlas a trayectos invisibles, trazados por las líneas de colectivos de la ciudad contemporánea.

La mención que un amigo hace de una lista de filmes sobre viajes en el tiempo, todos invariablemente, de corte romántico.

Un sitio de obituarios de Internet donde hallo por causalidad la noticia de la muerte de S.O. de M. y V ocurrida el 31 de diciembre de 2009, con una breve esquela que invita a la ceremonia de deposición de cenizas celebrada doce días después en la parroquia del Carmen.

Desenlace previsible. Al número de teléfono que figura en la página final del libro hay que anteponerle el 4. Lo hago. Llamo y nadie responde. Insisto otro día con igual resultado. Finalmente, ayer, logro comunicarme. Me atiende una mujer mayor. Su voz, desconfiada al principio, se allana luego cuando le pregunto, no sin algo de perversa necesidad, por la profesora S. O. de M. y V.

La hermana me cuenta detalles de un final conocido, pero la dejo hablar. No le desmiento las atribuciones que me asigna: un alumno, un escritor.

"Era muy lindo conversar con ella", me dice al pasar. Asiento. No me atrevo a contarle la manera en que su hermana está conmigo. Omitiendo el detalle de esas marcas que vienen del pasado, finalmente puedo balbucear que me ha enseñado muchas cosas. Ahora no más por decirle una: que un texto de Borges puede repetir hasta el cansancio la palabra "sueño" y ser, a la vez, una enorme pieza literaria.

Fuente : Rosario 12


Zahir: el deseo que eclipsa al mundo

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por Belén Gache

Atrapados por el zahir

En el cuento “El Zahir”, un Jorge Luis Borges narrador encuentra por azar una moneda de 20 céntimos, moneda común en la Argentina de los años 30, momento en que transcurre la historia. A simple vista, se trata de una moneda más, igual a todas las de su clase. Pero en realidad es una pieza especial: se trata de un “un zahir”. El encuentro con este objeto cambiará la vida del personaje ya que comienza a obsesionarse cada vez más con él, al punto de no poder pensar en ninguna otra cosa. Consciente de su obsesión, busca desprenderse de la moneda y lo consigue. Pero esto no ayuda a su estado. Puesto a investigar, encuentra un libro -las Urkunden zur Geschichte der Zahirsage (Documentos y leyendas sobre la historia del Zahir), de Julius

Barlach *-, que parece explicar su progresiva enajenación. El texto habla de los “zahires”,  concepto tomado del folklore islámico del sXVII. Se trata de objetos que atrapan a quien los contempla hasta el punto de borrar de su mente todo cuanto no sea ellos mismos. Este concepto, que en el islam remite al aspecto exterior, exotérico de lo religioso, en oposición a batin (su aspecto interior, esotérico), es recreado por Borges en su cuento en la forma de una moneda que genera una suerte dependencia, obsesión que arrastra a la persona lejos de todo lo demás que le rodea y consume sus pensamientos.

Monedas famosas

La idea de esta moneda, que es un zahir, le hace reflexionar a Borges sobre otras monedas famosas. El texto cita un conjunto de estas, cada una de las cuales ha sido especial a su manera:

     “Pensé que no hay moneda que no sea símbolo de las monedas que sin fin resplandecen en la historia y la fábula. Pensé en el óbolo de Caronte; en el óbolo que pidió Belisario; en los treinta dineros de Judas; en las dracmas de la cortesana Laís; en la antigua moneda que ofreció uno de los durmientes de Éfeso; en las claras monedas del hechicero de las 1001 Noches, que después eran círculos de papel; en el denario inagotable de Isaac Laquedem; en las sesenta mil piezas de plata, una por cada verso de una epopeya, que Firdusi devolvió a un rey porque no eran de oro; en la onza de oro que hizo clavar Ahab en el mástil; en el florín irreversible de Leopold Bloom; en el luis cuya efigie delató, cerca de Varennes, al fugitivo Luis XVI. Como en un sueño, el pensamiento de que toda moneda permite esas ilustres connotaciones me pareció de vasta, aunque inexplicable, importancia. ”

Detengámonos aquí en algunas de ellas. El óbolo de Caronte remite a las monedas que eran colocadas bajo la lengua de los difuntos en la Antigua Grecia y que les permitía pagar por sus servicios al barquero Caronte en su cruce por el rio Aqueronte. El óbolo de Belisario, por su parte, remite a la moneda que por piedad se entregaba a este general cuya trágica vida que había sido traicionado, hecho prisionero injustamente e incluso había sido cegado por orden de Justiniano. Las 60.000 piezas de plata de Firdusi estaban destinadas a pagar los 60.000 versos escritos por el poeta en su famosa epopeya, pero a la vez connotaban el desprecio del sultán por no sentirse identificado en el texto y la humillación y ofensa del bardo al encontrar que estas monedas no eran de oro, tal como se le había prometido. El florín de Leopold Bloom representa un objeto entre muchos, una moneda entre muchas, que ha sido singularizada, ha sido marcada como especial y ha sido puesta a circular esperándose su vuelta aunque, perdida en el océano de sus iguales, nunca ha retornado. En cuanto al luis de oro, la moneda con el retrato del rey mediante la cual Jean-Baptiste Drouet reconoció a Luis XVI cuando este y su familia pretendían huir de París, representa tanto la vanidad del rey como su perdición.

El doblón de Ahab merece un especial comentario. Había sido clavado en el mástil del Pequod por el capitán Ahab, quien lo había prometido como recompensa al primer miembro de su tripulación que avistara a la ballena Moby Dick. Este era examinado por los diferentes miembros de la tripulación, cada uno de los cuales le proporcionaba un significado distinto. El doblón repite, en el deseo de los tripulantes, la obsesión de Ahab por capturar a la ballena. Así, Melville basa su novela en un  entramado de ambiciones, anhelos, esperanzas.

Como vemos, cada una de estas monedas vehiculiza una determinada historia. Unas son resguardo en la ultratumba, otras intentan mitigar desgracias, otras son degradantes, otras traicioneras, otras utópicas. A cada una se le asigna un determinado rol, un determinado significado en el deseo de los protagonistas de cada relato. Sin embargo, todas ellas son iguales entre sí, pedazos de metal indistinguibles unos de otros, idénticos a los de las otras historias, meros instrumentos sin cualidades propias, desprovistos de valor subjetivo, intercambiables.

Ecuaciones semánticas: dinero=otra cosa; dinero=todo; dinero=nada; dinero=dios; dios=nada

    “Insomne, poseído, casi feliz, pensé que nada hay menos material que el dinero, ya que cualquier moneda es, en rigor, un repertorio de futuros posibles. El dinero es abstracto, repetí, es tiempo futuro.”

En el cuento, Borges hace hincapié en la cualidad proteica del dinero. Una moneda en sí misma no es nada, es pura potencialidad, es signo vacío esperando ser cambiado por otra cosa y luego por otra y por otra. Es precisamente esta cualidad de signo abstracto lo que fascina en el dinero, no su materialidad ni la percepción de su relación con la fuerza o el poder. Jean Baudrillard sostenía en su Crítica de la economía política del signo, la manera en que el dinero funciona como una especie de varita mágica que simboliza la libertad dada por la completa potencialidad de lo que aun no es nada pero puede llegar a convertirse en cualquier cosa que se desee en cualquier momento.

El relato da cuenta de las transformaciones que ha sufrido el zahir, evidenciando un paralelismo entre las características metamórficas del dinero y las de este particular objeto de deseo:

    “En Guzerat, a fines del siglo XVIII, un tigre fue Zahir; en Java, un ciego de la mezquita de Surakarta, a quien lapidaron los fieles; en Persia, un astrolabio que Nadir Shah hizo arrojar al fondo del mar; en las prisiones de Mahdí, hacia 1892, una pequeña brújula que Rudolf Carl von Slatin tocó, envuelta en un jirón de turbante; en la aljarra de Córdoba, según Zotenberg, una veta en el mármol de uno de los mil doscientos pilares; en la judería de Tetuán, el fondo de un pozo.”

En el libro Capitalismo y esquizofrenia, Gilles Deleuze y Felix Guattari analizan al dinero en tanto flujo desterritorializado y no codificado. “El dinero representa una cantidad abstracta independiente de cualquier naturaleza cualitativa”, dirán. Al momento en que transcurre la historia, el zahir es una moneda de veinte céntimos igual a todas las monedas de su clase, múltiple, intercambiable, indiferente, neutra, meramente utilitaria. Pero esta moneda, se ha convertido en un objeto singular. Una singularidad tan acentuada que llevará a su poseedor a la obsesión y a la locura.

Borges señala en este relato lo excepcional dentro de lo nimio, lo distinto dentro de lo igual, lo particular dentro de lo trivial y en esto su cuento se convierte en la metáfora misma del enamoramiento.

Como protagonista del cuento, encuentra su zahir inmediatamente después de haber muerto Teodelina, la mujer de la cual estaba enamorado y que, de hecho, no le correspondía. Ella era su amor imposible. Teodelina, a su vez, es presentada como una persona que vivía obsesionada por estar constantemente a la moda, lo cual le resultaba angustiosamente imposible ya que la moda, por definición, es lo constantemente cambiante. Pero hay algo más: el nombre Teodelina significa, en griego, “dios hecho visible” (de Teo= dios y dilos=visible). Así ella es un sinónimo de zahir, concepto que, como vimos, en el islam refiere a aspecto exterior, exotérico de lo religioso. El protagonista simplemente ha cambiado una “visibilidad de dios” por otra. Y es que en el fondo, toda pasión refiere a objetos cambiante, todos ellos, en definitiva, igualmente ilusorios. Arthur Schopenahuer, el filósofo que más ha influenciado a Borges*, señalaba en su tratado Die Welt als Wille und Vorstellung (El mundo como voluntad y representación), que el deseo es, en última instancia, la voluntad de encontrarle un sentido a la existencia cuando la existencia en realidad no tiene ningún sentido. El mismo mundo no es sino deseo constantemente insaciable, constantemente cambiante y, a la vez, constantemente insatisfecho. La frase final del cuento reza: “Quizá detrás de la moneda esté Dios”. El protagonista presiente que la sabiduría consiste precisamente en la conciencia de que el deseo es un mero impulso ciego e inútil.

* se trata de un libro ficcional inventado por el mismo Borges, al igual que su autor, Julius Barlach.

*La fascinación de Borges por Schopenahuer comenzó desde muy joven, al leer en la casa de su padre, en Suiza, durante la Primera Guerra Mundial, los textos del filósofo alemán. Tal como lo confiesa el propio Borges, incluso llegó a aprender alemán a principal fin de leer al filósofo en su idioma originario. En su Ensayo autobiográfico  (Madrid, Emecé, 1999), rinde su homenaje al filósofo: “Si hoy tuviera que elegir un filósofo en particular, lo elegiría a él. Si la adivinanza del mundo pudiese ponerse en palabras, creo que estas palabras serían escritas por Schopenahuer.”

Fuente : Psychoeconomy

La mística (sufí) en las obras de Jorge Luis Borges

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 por Al-Afif, Ahmad Husein Issa Y Ababneh, Mohammad Daher

En las obras de Jorge Luis Borges podemos encontrar varios textos que están impregnados de un fino sentido místico. Algunos de los cuentos borgianos residen en el campo de la mística islámica (el sufismo) como la otra vertiente de la religión musulmana. Un dato que corrobora este interés es la afirmación oral del escritor argentino: “[…] He estado también muy interesado por el sufismo. De modo que todo eso ha influido en mí, pero no sé hasta dónde. He estudiado esas religiones, o esas filosofías orientales como posibilidades para el pensamiento o para la conducta, o las he estudiado desde un punto de vista imaginativo para la literatura […]” (Guibert, 1986: 335).

Borges en otra entrevista con Willis Barnstone, le confesó que había vivido la experiencia mística dos veces en su vida:

En mi vida […] he tenido dos experiencias místicas, y no puedo decirlas porque lo que me sucedió no es para ser puesto en palabras […] fue asombroso, deslumbrante. Me sentí avasallado, atónito. Tuve la sensación de vivir no en el tiempo sino fuera del tiempo […]. Escribí poemas sobre ello, pero son poemas normales y no pueden decir la experiencia. No puedo decírsela a ud., ya que ni siquiera puedo repetírmela a mí mismo, pero tuve esa experiencia, y la tuve dos veces, y acaso me sea otorgado volver a tenerla antes de morir (Barnstone, 1982: 11; López-Baralt y Báez, 1996: 256).

Borges en algunos textos suyos desarrolla la experiencia mística en los personajes de sus cuentos que empiezan su búsqueda febril de la evidencia escondida. Los escritos de Borges se interesan por un proceso de búsqueda que llevan a un descubrimiento que convive con el carácter fantástico de la producción borgiana. En los cuentos de Borges, los personajes abandonan las cosas visibles y palpables en un espacio de búsqueda espiritual. Borges emplea la mística en sus obras como camino de la verdad que siempre exige una búsqueda espiritual permanente. Por esto vemos que en algunos cuentos los personajes experimentan una aventura espiritual para descubrir esta verdad absoluta.

El cuento titulado El acercamiento a Almotásim contiene muchos aspectos del sufismo. El autor nos da a conocer una crítica a modo de reseña de las dos versiones de una novela publicada en Bombay, cuyo autor es Mir Bahadur Alí. El narrador trata primero los personajes así como el aspecto formal de la novela, y después amplifica su análisis de los dos primeros capítulos. En adelante, y mediante una especie de enumeración desordenada, se presentan detalles de los capítulos restantes. Sin embargo, la idea central de la novela se explica en estas palabras: “[…] un hombre, el estudiante incrédulo y fugitivo […] El estudiante resuelve dedicar su vida a encontrarlo” (Borges, Historia de la eternidad: 139-140). Podemos considerar, que la búsqueda mística constituye el eje de este cuento, el narrador mismo interpreta este argumento como una verdadera metáfora de la búsqueda mística: “[…] la insaciable busca de un alma a través de los delicados reflejos que ésta ha dejado en otras: en el principio, el tenue rastro de una sonrisa o de una palabra; en el fin, esplendores diversos y crecientes de la razón, de la imaginación y del bien” (Borges, Historia de la eternidad: 139-140).

Borges, como escritor intelectual, no olvida relacionar su cuento con otra obra que tiene desde su perspectiva algo en común con el cuento. Borges en una nota al pie de página, detalla el contenido de la obra Coloquio de los pájaros, del sufí persa Fârîd ad-Dîn `At:âr, y su vinculación con la novela de Bahadur. Como han señalado tanto Ronald Christ como Arturo Echavarría: “Esta nota al calce ofrece por implicación un dato que la reseña misma oculta: que el propio protagonista de la novela de Bahadur es el misterioso Almotásim y que la novela es el recuento de una auto- purificación” (Echavarría, 1983: 194-195; González Pérez, 1995: 216).

La comparación de la historia de `Attâr con la de Bahadur Ali es evidentemente justificable pues Borges resume el poema del sufí persa en una nota al pie:

El remoto rey de los pájaros, el Simurg, deja caer en el centro de la China una pluma espléndida; los pájaros resuelven buscarlo, hartos de su antigua anarquía. Saben que el nombre de su rey quiere decir treinta pájaros; saben que su alcázar está en el Kaf, la montaña circular que rodea la tierra. Acometen la casi infinita aventura; superan siete valles, o mares; el nombre del penúltimo es Vértigo; el último se llama Aniquilación. Muchos peregrinos desertan; otros perecen. Treinta, purificados por los trabajos, pisan la montaña del Simurg. Lo contemplan al fin: perciben que ellos son el Simurg y que el Simurg es cada uno de ellos y todos (Borges, Historia de la eternidad: 144).

Maria Kodama nos justifica la fascinación de Borges por los sufíes como `Attar, diciendo:
Es natural que Borges se sintiera atraído por los sufíes, ya que el sufismo produjo hombres que fueron no sólo grandes místicos sino también poetas. Persia es, quizá, el país que contó con más poetas místicos, inspirados por una profunda experiencia espiritual. Los cristianos tienen a san Juan de la Cruz, un poeta místico de la misma jerarquía que Attar (Kodama de Borges, 1996: 79).

En El acercamiento a Almotásim, el estudiante emprende un viaje simbólicamente circular en busca de Almótasim, que representa la verdad absoluta y termina reencontrándose a sí mismo, o sea, reconociendo que el universo es una proyección del alma humana. En relación con el secreto de dicha circularidad, Borges advierte en una ocasión: “Los místicos pretenden que el éxtasis les revela una cámara circular con un gran libro circular de lomo continuo, que da toda la vuelta de las paredes; pero su testimonio es sospechoso; sus palabras, oscuras. Ese libro cíclico es Dios” (Borges, Ficciones: 90).

Tanto el cuento del autor indio, como el poema del sufí persa, tratan de la identificación que se alcanza a través del descubrimiento profundo del ser, y su fusión en la esencia divina. Borges resume que la experiencia mística es una prueba experimental de Dios. Este tipo de obsesión de pasar una experiencia mística para descubrir la clave de un misterio, se ve repetido en varios textos borgianos, donde los protagonistas hacen un auto-descubrimiento y se alimentan de la tradición mística. Observamos que algunas alusiones del autor en el cuento El acercamiento a Almótasim hacen que tanto este texto como la novela objeto de comentario, se valgan de la experiencia mística para realizarse. El autor lo expresa de varias maneras: “Esencialmente ambos escritores concuerdan: los dos indican el mecanismo policial de la obra, y su undercurrent místico […] Almótasim es emblema de Dios y los puntuales itinerarios del héroe son de algún modo los progresos del alma en el ascenso místico” (Borges, Historia de la eternidad: 135, 142).

El cuento trata de un viaje ilusorio en busca de la verdad revelada en la figura de Almótasim, el cual no es más que Dios desde la óptica del sufismo. Mediante el manejo de este sistema, Borges nos sitúa frente a la práctica de la mística que es considerada como parte integrante de la religión, y que la podemos encontrar también en la historia del Islam. Gracias a este ejercicio, se produce un contacto con el Uno Absoluto en estados obtenidos por un tipo de comunicación peculiar. A la luz de lo expuesto, se nota que en el cuento de Borges, dentro del yo del personaje opera la indivisa divinidad. Borges resuelve pensar en el universo estimando las ideas místicas y religiosas por su valor estético y, por lo que encierran de singular y maravilloso. A pesar de todo, el escritor argentino no se propone exponer teorías ni sistematizar sus tesis, sino que pone a prueba artística, el conjunto de postulados de la visión mística que ha tratado de penetrar sutilmente.

Borges emplea diferentes métodos y vínculos de la absorción mística, que se ejercitan para buscar la verdad única. A diferencia del Almótasim, en el relato El Zahir, cuyo personaje principal es el narrador protagonista, el descubrimiento de un extenso mundo de símbolos ocultos se reduce a un objeto: la moneda denominada El Zahir. Se trata de una moneda inolvidable, porque siguiendo el proceso de la trama, al narrador se le ha muerto la mujer que ama antes de ver aquella moneda. Por eso, semejante circunstancia puede justificar la impresión de locura que concibe el narrador y su credibilidad de que la moneda es inolvidable. El narrador tras tomar un vaso de caña y pagarlo, descubre entre las monedas de la vuelta, el Zahir. Es en realidad, una experiencia mística y un estado de revelación por los que pasa el hombre. Aquí también se vuelve a recalcar el carácter de circularidad que se traduce en la reacción del personaje: “Vi una sufrida verja de fierro; detrás vi las baldosas negras y blancas del atrio de la Concepción. Había errado en círculo; ahora estaba a una cuadra del almacén donde me dieron el Zahir” (Borges, El Aleph: 123).

La palabra que utiliza el escritor argentino para esta moneda, proviene de la cultura arabo-islámica, y sobre el origen de esta palabra Borges anota en su cuento: “La creencia en el Zahir es islámica y data, al parecer, del siglo XVIII […] Zahir, en árabe, quiere decir notorio, visible; en tal sentido, es uno de los noventa y nueve nombres de Dios; la plebe, en tierras musulmanas, lo dice de los seres o cosas que tienen la terrible virtud de ser inolvidables y cuya imagen acaba por enloquecer a la gente” (Borges, El Aleph: 123).

Igual que en El acercamiento a Almótasim, este cuento tiene el mismo ideal y una misma meta que hacen que el conocimiento sea verdadero. La moneda del Zahir es la otra versión del ser contemplativo que se somete a una metamorfosis espiritual que lo iguala con el mundo. En la misma línea, Borges y citando a los cabalistas que practican un tipo peculiar de adivinación, reafirma: “Los cabalistas entendieron que el hombre es un microcosmos, un simbólico espejo del universo; todo según Tennyson, lo sería. Todo, hasta el intolerable Zahir” (Borges, El Aleph: 130).

El mismo Borges afirma la naturaleza mística de la temática que se desarrolla en su cuento al concluirlo recordando a los místicos musulmanes (los sufíes): “[…] Para perderse en Dios, los sufíes repiten su propio nombre a los noventa y nueve nombres divinos hasta que éstos ya nada quieren decir. Yo anhelo recorrer esa senda. Quizá yo acabe por gastar el Zahir a fuerza de pensarlo y de repensarlo; quizá detrás de la moneda esté Dios” (Borges, El Aleph: 132).

Zahir es un objeto inmortal y enloquecedor que resume y anula la multiplicidad de las apariencias, y ofrece la posibilidad de acceder a los secretos del universo. Refiriéndose a su cuento Zahir Borges dice lo siguiente:

‘El Zahir’ versa sobre… una inolvidable moneda de 20 céntimos. Escribí ese cuento partiendo de la palabra ‘inolvidable’ simplemente, porque leí en alguna parte: ‘ ¡deberías oír cantar a Fulano de tal, es algo inolvidable! y entonces pensé ¿qué ocurriría si existiese algo realmente inolvidable? porque a mí me interesan mucho las palabras, como muy bien puede haberse dado cuenta (Borges el palabrista: 97).

La declaración que hace Borges al final de esta cita, demuestra el excesivo interés del argentino por las palabras. Juan Manuel Velasco Rami subraya este punto cuando testimonia: “Borges quería creer en otra vida con libros, después de la muerte. No creía, desde luego, en una existencia sin ellos, en un mundo sin palabras escritas, sin negro sobre blanco” (Velasco Rami, 1986: 9).

Borges crea una relación profunda con las letras y los libros, y piensa que cualquier objeto adquiere su forma a partir de su nombre, como el caso del Zahir. Por ejemplo, en la palabra rosa se da el sentido de rosa. Esta sensación particular sigue siendo existente aun después de que Borges perdiera el sentido de la vista. Pues, en la oscuridad total, imagina el mundo como un libro edificado por letras indescifrables, y a partir de ahí, interviene el sueño como mejor medio para percibir un desfile de imágenes. En relación a esto, Borges prosigue el mismo camino trazado por los sufíes quienes se interesan en mayor parte por las letras del alfabeto árabe que se dan en algunos primeros versículos del Corán; además de los nombres de Dios.

Luce López-Baralt anota que antes de acercarse a la contemplación de la otra cara de su moneda simbólica, el Borges ficcionalizado del Zahir nos anuncia que, como los sufíes, para prepararse al desasosegante encuentro con el Todo, quiere repetir el mantra, su propio nombre o los noventa y nueve nombres de Dios. Y entonces es cuando estamos preparados para comprender por qué Borges nunca pudo asegurar al lector, que lo que subyacía en El Zahir fuese realmente “Dios”, es decir, la palabra “Dios”. El Zahir es el símbolo místico más respetuoso de todos los que haya podido acuñar Borges (López-Baralt, 1999: 63-64).

El Aleph es otro cuento borgiano, que se basa en la contemplación y la meditación filosófica. La primera pista que relaciona este cuento con la cultura arabo-islámica, es su título: la primera letra del alifato (alfabeto) árabe.

Este cuento está basado, como en el caso de Zahir en la muerte de una mujer. En El Aleph, tras diez años de la muerte de Beatriz Viterbo, se produce la aparición del Aleph, ya que el hermano de Beatriz, Carlos Argentino, descubre en el sótano de su casa una extraordinaria esfera que contiene el universo. “[…] vi en el Aleph la tierra, y en la tierra otra vez el Aleph y en el Aleph la tierra, vi mi cara y mis vísceras, vi tu cara, y sentí vértigo y lloré, porque mis ojos habían visto ese objeto secreto y conjetural, cuyo nombre usurpan los hombres, pero que ningún hombre ha mirado: el inconcebible universo” (Borges, El Aleph: 194).

Borges en este Aleph ve un universo infinito siguiendo el mismo sistema elaborado por el practicante sufí, quien revela un punto que contiene esa variedad infinita. Para ello, el mundo pierde su principio y fin, y se convierte en un volumen esférico en donde los hombres son escritos. Por consiguiente, ya no será el mundo sino el milagroso Aleph. Este prodigioso modelo del cosmos, contiene toda la gama de escuelas filosóficas como el idealismo, el misticismo, etc. En su intento de interpretar el incógnito Aleph, José Miguel Oviedo apunta:

El asunto examinado en El Aleph es básicamente el mismo que el de Funes el memorioso, con la variante en este caso de que el infinito no es una facultad mental de proporciones sobrehumanas, sino un objeto, una manifestación concreta y localizable de la totalidad del mundo real […] El gran proyecto literario de Daneri (protagonista de El Aleph) es insensato: quiere escribir un inmenso poema narrativo que no sólo sea una copia exacta del universo entero, sino que absorba toda la literatura anterior a él […] el Aleph es una visión mística a la vez que infernal, etc. (Oviedo, 2001: 34-35).

Por su parte, Borges evoca esta misma alucinación mística en su cuento informando: “¿Cómo transmitir a los otros el infinito Aleph, que mi temerosa memoria apenas abarca? los místicos, en análogo trance, prodigan los emblemas: para significar la divinidad, un persa habla de un pájaro que de algún modo es todos los pájaros” (Borges, El Aleph: 191).

Los tres cuentos anteriores de Borges, prueban sin duda cómo éste intenta trascender la imagen del mundo y del ser humano. Así, rememora varias escuelas del pensamiento universal entre las que cabe el conocimiento sufí de los musulmanes, mediante el cual Borges revela estéticamente este estado de la persona que se dedica a un tipo de contemplación para unirse inefablemente a la divinidad y al universo. De esta manera, en Borges cualquier atributo divino como el conocimiento y la inmortalidad, se relacionan inmediatamente con la disolución de la personalidad. Dicha potencialidad quita al personaje su ser, y deja de ser un ente determinado para convertirse en arquetipo que se iguala al universo. Podemos concluir que los personajes de los cuentos de Borges, tienen el mismo objetivo de los místicos: el conocimiento exacto de Dios y de la realidad absoluta. En los cuentos de Borges Dios está sustituido por símbolos como Almótasim, El Zahir o El Aleph.

Fuente: http://www.escritorasyescrituras.com/revista.php/9/70

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARNSTONE, W., “The secret island”, en Borges at Eighty, conversations with Jorge Luis Borges, Bloomington, Indiana University Press, 1982.
BORGES, J. L., “El acercamiento a Almotásim”, en Historia de la eternidad.
BORGES, J. L., “La biblioteca de Babel”, en Ficciones.
BORGES, J. L., “El Zahir”, en El Aleph.
ECHAVARRÍA, A., Lengua y literatura de Borges, Barcelona, Ariel, 1983.
GÓNZÁLEZ PÉREZ, A., “Borges y las fronteras del cuento”, en El cuento hispanoamericano, (E. Pupo Walter, coord.), Madrid, Castalia, 1995.
GUIBERT, R. , “Borges habla de Borges”, en Jorge Luis Borges (ed. Jaime Alazraki), Madrid, Taurus, 1986.
KODAMA DE BORGES, M., “Jorge Luis Borges y la experiencia mística”, en El sol a medianoche: la experiencia mística: tradición y modernidad, Madrid, Trotta, 1996.
LÓPEZ-BARALT, L., “Borges o la mística del silencio: lo que había del otro lado del Zahir”, en Jorge Luis Borges: Pensamiento y saber en el siglo XX, (ed. Alfonso de Toro y Fernando de Toro), Frankfurt am Main, Vervuert, 1999.
LÓPEZ-BARALT, L. y BÁEZ, E. R., “¿Vivió Jorge Luis Borges la experiencia mística del Aleph?”, en El sol a medianoche: la experiencia mística: tradición y modernidad, Madrid, Trotta, 1996.
OVIEDO, J. M., Historia de la literatura hispanoamericana. 4. De Borges al presente, Madrid, Alianza, 2001
VELASCO RAMI, J. M., “Borges”, en Borges, Madrid, Biblioteca Nacional, 1986.

Fuente : Revista Cultural Biblioteca Islámica

Observatorio Borges

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Observatorio Astronómico, dedicado a Jorge Luis Borges, con elementos didácticos del solsticio, equinoccio, días cenitales y calendarios mayas. Ubicado a unos pasos de la pirámide del Pueblito, en Corregidora, Querétaro, México. 
www.observatorioborges.org o www.ruben.mx

Fuente : You Tube

Sin miedo a Borges

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David Viñas Piquer   

Borges solía decir que no tenía en casa ningún libro de los que escribía porque cuidaba mucho de su biblioteca: «¡Cómo voy a codearme yo con Conrad o con Platón! Sería ridículo». No tenía libros suyos, y de los que habían escrito sobre él decía haber leído tan sólo uno. A su amiga Alicia Jurado, por ejemplo, le dijo: «Mirá, yo te agradezco mucho que hayas escrito este libro sobre mí, pero yo no voy a leerlo porque el tema no me interesa o me interesa demasiado. Estoy harto de Borges». Cuando ella le insistió en que debía leerlo porque no iba a encontrar en él nada desagradable, Borges le contestó: «Bueno, sí. El tema, el tema central me es desagradable».

Sin miedo a Borges propone retroceder hasta una posición previa a cualquier análisis para identificar los distintos aspectos que configuran el universo del escritor argentino y facilitar así la posibilidad de convertirse en el lector cómplice que exige su literatura para poder desplegarse con toda eficacia. Es de suponer que tampoco este volumen habría figurado entre los libros de su biblioteca, pero a lo mejor esta vez convendría resistir la tentación de imitar a Borges.

Sin miedo a Borges
Colección: Elba Minor
ISBN : 978-84-943666-2-8

Fuente : Editorial Elba - España

LANZAMIENTO EN INTERNET DE LA WDL , LA BIBLIOTECA DIGITAL MUNDIAL, de la UNESCO

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Siempre imaginé que el Paraíso sería algún tipo de biblioteca.

Jorge Luis Borges

Reúne mapas, textos, fotos, grabaciones y películas de todos los tiempos y explica en siete idiomas las joyas y reliquias culturales de todas las bibliotecas del planeta. Tiene, sobre todo, carácter patrimonial, anticipó ayer a LA NACIÓN Abdelaziz Abid, coordinador del proyecto impulsado por la Unesco y otras 32 instituciones. La BDM no ofrecerá documentos corrientes , sino "con valor de patrimonio, que permitirán apreciar y conocer mejor las culturas del mundo en idiomas diferentes: árabe, chino, inglés, francés, ruso, español y portugués. Pero hay documentos en línea en más de 50 idiomas". "Entre los documentos más antiguos hay algunos códices precolombinos, gracias a la contribución de México, y los primeros mapas de América, dibujados por Diego Gutiérrez para el rey de España en 1562", explicaba Abid. Los tesoros incluyen el Hyakumanto Darani, un documento en japonés publicado en el año 764 y considerado el primer texto impreso de la historia; trabajos de científicos árabes que develan el misterio del álgebra; huesos utilizados como oráculos y estelas chinas; la Biblia de Gutenberg; antiguas fotos latinoamericanas de la Biblioteca Nacional de Brasil. Es fácil de navegar. Cada joya de la cultura universal aparece acompañada de una breve explicación de su contenido y su significado. Los documentos fueron escaneados e incorporados en su idioma original, pero las explicaciones aparecen en siete lenguas, entre ellas, EL ESPAÑOL. La biblioteca comienza con unos 1.200 documentos, pero ha sido pensada para recibir un número ilimitado de textos, grabados, mapas, fotografías e ilustraciones. ¿Cómo se accede al sitio global? Aunque será presentado oficialmente hoy en la sede de la Unesco, en París, la Biblioteca Digital Mundial ya está disponible en Internet, a través del sitio www.wdl.org.

El acceso es gratuito y los usuarios pueden ingresar directamente por la Web, sin necesidad de registrarse. Permite al internauta orientar su búsqueda por épocas, zonas geográficas, tipo de documento e institución. El sistema propone las explicaciones en siete idiomas (árabe, chino, inglés, francés, ruso, español y portugués). Los documentos, por su parte, han sido escaneados en su lengua original. Con un simple clic, se pueden pasar las páginas de un libro, acercar o alejar los textos y moverlos en todos los sentidos. La excelente definición de las imágenes permite una lectura cómoda y minuciosa. Entre las joyas que contiene por el momento la BDM está la Declaración de Independencia de Estados Unidos, así como las Constituciones de numerosos países; un texto japonés del siglo XVI considerado la primera impresión de la historia; el diario de un estudioso veneciano que acompañó a Hernando de Magallanes en su viaje alrededor del mundo; el original de las "Fabulas" de Lafontaine, el primer libro publicado en Filipinas en español y tagalog, la Biblia de Gutemberg, y unas pinturas rupestres africanas que datan de 8000 A .C. Dos regiones del mundo están particularmente bien representadas: América Latina y Medio Oriente. Eso se debe a la activa participación de la Biblioteca Nacional de Brasil, la biblioteca Alejandrina de Egipto y la Universidad Rey Abdulá de Arabia Saudita. La estructura de la BDM fue calcada del proyecto de digitalización de la Biblioteca del Congreso de Estados Unidos, que comenzó en 1991 y actualmente contiene 11 millones de documentos en línea. Sus responsables afirman que la BDM está sobre todo destinada a investigadores, maestros y alumnos. Pero la importancia que reviste ese sitio va mucho más allá de la incitación al estudio a las nuevas generaciones que viven en un mundo audiovisual. Este proyecto tampoco es un simple compendio de historia en línea: es la posibilidad de acceder, íntimamente y sin límite de tiempo, al ejemplar invalorable, inabordable, único, que cada cual alguna vez soñó conocer.
 

Ir a la Biblioteca Digital Mundial :

De Kafka a Borges

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A fines del año pasado, la BBC distribuyó un artículo firmado por la escritora y periodista Jane Ciabattari que analizaba la posibilidad de que Jorge Luis Borges fuese el escritor más influyente del siglo 20. Cuando lo leí, me pareció una exageración. Y el primer argumento que se me ocurrió para refutar esa hipótesis fue otro escritor: Kafka. ¿Podría ser Borges más influyente que Kafka en la literatura del siglo 20?

En un artículo periodístico de 1937, Borges –que llegó a traducir a Kafka– hizo esta afirmación: “La intensidad de Kafka es indiscutible”. Y en un pequeño ensayo fechado en 1951 –“Kafka y sus precursores”–, lo puso como ejemplo de esos autores que hacen posible, con una obra innovadora, una nueva lectura de toda o gran parte de la literatura previa: ahora que hemos leído a Kafka, decía Borges, podemos entender, por ejemplo, que la obra de un filósofo griego del 400 antes de Cristo era relativamente kafkiana.

Cuando le planteo la cuestión a Gusmán, me responde: “Como le dije, la valija de Frankenstein. La diferencia notable es cómo Borges ha pensado la literatura”. Y me propone comparar un texto de Kafka, La verdad sobre Sancho Panza , con Pierre Menard, autor del Quijote , un cuento de Borges.

Para Kafka, el Quijote podría ser una invención de Sancho: “Sancho Panza –que por lo demás, nunca se jactó de ello– en el transcurso de los años logró, componiendo una gran cantidad de novelas de caballería y de bandoleros, en horas del atardecer y de la noche, apartar de tal manera de sí a su demonio (al que después dio el nombre de Don Quijote) que entonces este, incontenible, llevó a cabo las más grandes locuras”.

En el cuento de Borges, Pierre Menard es el novelista que se propuso “producir unas páginas que coincidieran –palabra por palabra y línea por línea– con las de Miguel de Cervantes”.

– ¿Por dónde empezamos el análisis comparativo?

–Para Kafka, obsesionado por el trabajo, escribir como Sancho, al atardecer o la noche, es escribir después del trabajo; trabajo de escudero, en el caso de Sancho. Pero a Kafka la historia de la literatura, la tradición, le interesaba de otra manera. Era más local, más provinciana, como afirma Franz Werfel cuando lee un texto de Kafka: no va a pasar la frontera de Bohemia.

– En cambio, Borges…

–Borges interroga la literatura universal. Lo increíble de Borges es cómo con un texto, El escritor argentino y la tradición , hablando de su cuento La muerte y la brújula , inventa la extraterritorialidad: dice que pensaba en una calle de Buenos Aires y la llamaba Rue de Toulon para escapar al color local. Y en Kafka y sus precursores cambia la temporalidad lineal de la literatura y produce la lectura retroactiva: Kafka está en Melville y no Melville en Kafka. En el “Pierre Menard”, cambia la propiedad de la autoría, las atribuciones erróneas, los anacronismos. En el texto sobre Paul Valéry, dice que se podría hacer una historia de la literatura sin nombrar un solo autor…

– ¿Y no tienen cosas en común?

–Es cierto, hay algo en común entre los dos. Ambos se han ocupado largamente del sueño y la pesadilla. Pero hay otra cuestión fundamental: teniendo en cuenta que El proceso y El castillo permanecieron inéditas, hay en los dos escritores una sospecha de la novela extensa como algo terminal, en crisis. Por lo tanto, optan por el relato breve, inconcluso o fracturado. La fábula. Más tarde, con Raymond Carver se lo llamó minimalismo y ahora con Internet, microrrelatos.

Fuente : La Voz


Mestizajes: Borges y la Memoria

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Centre for Systems Neuroscience

Borges and memory
Second Meeting of Literature and Science - Mestizajes
Quián Rodrigo Quiroga , Centre for Systems Neuroscience (University of Leicester )

The II meeting Mestizajes on literature and science was held in Donosti -San Sebastian 18 and November 19, 2014 with the theme " Reason, intuition and imagination in science and literature."

Fuente : You Tube

Borges y el misticismo alemán

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Carlos García

[En lo que sigue, recojo notas de los años 2003-2005 acerca de aspectos desconocidos de la relación de Borges con la obra de algunos autores místicos alemanes. Las versiones originales de estos trabajos aparecieron en una de las páginas web del Centro Cultural Cervantes (Madrid) llamada El Trujamán. La presente versión de todos ellos es de julio de 2006. No conforman un estudio meduloso; se limitan a recoger informaciones importantes para quien desee escribirlo.]

I

Angelus Silesius

El Borges anciano recordará con agradecimiento su comercio con la obra del poeta religioso alemán Angelus Silesius (pseudónimo de Johannes Scheffler, 1624-1677), doctor en filosofía y medicina, adepto del mismo grupo religioso que los místicos Abraham von Franckenberg y Daniel von Czepko (sobre éste, véase aquí cap. II).

La obra por la cual se conoce a Angelus Silesius lleva por título Cherubinischer Wandersmann oder Geist-Reiche Sinn- und Schluß-Reime zur Göttlichen beschauligkeit anleitende, y podría traducirse por El peregrino querubínico o Rimas espirituales, gnómicas y epigramáticas conducentes a la contemplación divina. La primera edición apareció en 1657; la de 1675, que Borges cita, agregó el sexto libro.

Un breve repaso mostrará la asidua presencia de Silesius en la obra y el pensamiento de Borges.

En "Otro poema de los dones" (El otro, el mismo; OC 1974: 936, v. 12) Borges agradece "las místicas monedas de Angel Silesio".

En "Al idioma alemán" (El oro de los tigres; OC 1974: 1116, vv. 14-16) corrige una omisión:

               Mis noches están llenas de Virgilio,

               Dije una vez; también pude haber dicho

               De Hölderlin y de Angelus Silesius.

En Historia de la noche lo mencionará en "G. A. Bürger" (OC III:191) y en "The things I am" (OC III: 196).

En "La flor de Coleridge" (Otras inquisiciones; OC 1974: 641) anota:

        Al promediar el siglo XVII, el epigramatista del panteísmo Angelus Silesius dijo que todo los bienaventurados son uno (Cherubinischer Wandersmann, V, 7) y que todo cristiano debe ser Cristo (op. cit., V, 9).

En efecto, Silesio había escrito (todas las traducciones del antiguo alemán son mías):

                V 7. Alle Heiligen sind ein Heiliger.

                Die Heilgen alle sind ein Heiliger allein:

                Weil sie ein Hertz / Geist / Sinn / in einem Leibe seyn.

        V 7. Todos los santos son un santo.

                Los santos son todos un solo santo.

                Porque son un corazón, espíritu, intención en un cuerpo.

                V 9. Es muß ein jeder Christus seyn.

                Der wahre GOttes Sohn ist Christus nur allein:

                Doch muß ein jeder Christ derselbe Christus seyn.

        V 9. Cada uno debe ser Cristo

                El único verdadero Hijo de Dios es sólo Cristo

                Pero cada cristiano debe ser él mismo Cristo.

Dos motivos procedentes de Silesio recurren, por lo demás, en Borges: el topos de la "rosa sin porqué" y el dístico final del Peregrino querubínico.

En una conferencia titulada "La poesía" (Siete noches; OC III: 266), Borges dirá en 1977:

        Voy a concluir con un alto verso del poeta que en el siglo diecisiete tomó el nombre extrañamente poético, real, de Angelus Silesius. Viene a ser el resumen de todo cuanto he dicho esta noche, salvo que yo lo he dicho por medio de razonamientos o de simulados razonamientos: lo diré primero en español y después en alemán, para que lo oigan ustedes: 'La rosa [es] sin porqué, florece porque florece. / Die Rose ist ohne warum; sie blühet weil sie blühet.'

Ya en "Elementos de preceptiva" (Sur 7, Buenos Aires, abril de 1933, 158-161, reproducido en Borges en Sur 123-124), Borges había escrito (160):

        Die Ros ist ohn Warum, la rosa es sin porqué, leemos en el libro primero del Cherubinischer Wandersmann de Silesius. Yo afirmo lo contrario, yo afirmo que es imprescindible una tenaz conspiración de porqués para que la rosa sea rosa.

En un discurso de 1963 dirá (Textos recobrados 3: 262):

        Imaginemos, por ejemplo, que un poeta dice que la belleza es inexplicable, no habría dicho nada, pero si ese poeta, que sería el gran poeta alemán Angelus Silesius dice Die Rose ist ohne warum, (La rosa es sin porqué), ya está creando poesía.

En otro, de 1964 sobre Enrique Banchs, dirá aún (Textos recobrados 3: 105):

        Die Rose ist ohne warum (la rosa es in porqué) famosamente escribe Angelus Silesius en el libro primero de su Cherubinischer Wandersmann; la sentencia del místico nos advierte la posible profanación que encierra todo análisis de lo bello.

En cuanto al dístico final, Borges lo menciona al concluir "Nueva refutación del tiempo" (Otras inquisiciones; OC 1974: 771):

        Freund, es ist auch genug. Im Fall du mehr willst lesen,

        So geh und werde selbst die Schrift und selbst das Wesen.

        (Angelus Silesius: Cherubinischer Wandersmann, VI, 263. 1675).

        [Amigo, ya es bastante. Si quieres más leer

        Ve y transfórmate en el libro y en el ser.]

(La cita, premeditadamente impresa en página aparte, cierra en la primera edición de Otras inquisiciones, página 221, todo el libro, no sólo este ensayo, como en ediciones posteriores.)

Borges y/o Bioy traducirán: "Ya basta amigo. Si quieres seguir leyendo, transfórmate tú mismo en el libro y en la doctrina." (Libro del cielo y del infierno, 126.)

En una posterior conversación con Juan José Arreola (en 1978, en el castillo de Chapultepec, México), Borges propondrá una versión ligeramente distinta:

        Hay un libro suyo famoso, el Cherubinischer Wandersmann, el Peregrino Querubínico, que concluye con este dístico: "Amigo, ya basta. En caso de que quieras seguir leyendo, sé tú mismo el libro y tú mismo la esencia". "Freund es ist auch genug. Jm fall du mehr wilt lesen, So geh und werde selbst die Schrifft und selbst das Wesen". Qué palabras finales admirables, y en el siglo XVII.

El censo reproducido hasta aquí es seguramente incompleto, pero el corpus reunido alcanza, quiero creer, para mostrar el recurrente interés de Borges en la obra del alemán.

¿Cuándo surgió la relación entre Borges y Angelus Silesius? Algunos indicios permiten reconstruir el momento con suficiente precisión: se lo puede fijar en noviembre de 1923.

Por esas fechas, Borges se encontraba en Ginebra. Allí adquirió un ejemplar de Geistreiche Sinn- und Schlußreime aus seinem 'Cherubinischen Wandersmann'. Auswahl von Manfred Schneider. Stuttgart: Walter Hädecke Verlag, 1922, 63 pp., una selección de los dísticos de Silesius.

El volumen se conserva en Buenos Aires (Pan-Klub; signatura 161/22 [1/4/11]; lo he visto gracias a Patricia Artundo). Allí estampó Borges su firma y fechó en "noviembre del 1923" la adquisición del libro.

Un detalle sugiere que Borges no conocía aún a Silesio poco antes de esa fecha: en diciembre de 1923, apareció en Inicial 3, Buenos Aires, "Acerca del expresionismo"– trabajo que Borges había remitido aproximadamente un mes antes a su amigo Roberto A. Ortelli. Allí figura el siguiente pasaje:

        El propio Goethe casi nunca buscó la intensidad; Hebbel alcánzala en sus dramas y no en sus versos; Heine y Nietzsche fueron excepciones grandiosas.

Recién la versión corregida del artículo, que fue reproducida en Inquisiciones (1925: 147) mencionará a Silesio:

        El propio Goethe casi nunca buscó la intensidad; Hebbel alcánzala en sus dramas y no en sus versos; Angel Silesio y Heine y Nietzsche fueron excepciones grandiosas.

El volumen de Silesio conservado en Buenos Aires contiene una serie de anotaciones manuscritas en el dorso de la tapa y en la primera página.

Borges cita allí algunos versos de Silesio, que reproduzco a continuación (agrego tras la cita el número del dístico en la versión alemana y mi traducción al castellano del pasaje reproducido por Borges – más atenta a la literalidad que a la poesía):

        Meinstu O armer Mensch, dass Deines Munds Geschrei

        der rechte Lobgesang der stillen GOttheit sei?

        [I 239: ¿Crees realmente, pobre hombre, que el grito de tu boca

        Sea el himno apropiado para la silenciosa deidad?]

        Die Braut verdient sich mehr mit einem Kuß umb GOtt,

        als alle Mittlinge mit Arbeit bis in den Tod.

        [V 299: La novia hace más méritos ante Dios con un beso,

        que todos los intermediarios con trabajo hasta la muerte.]

El dístico anterior fue traducido por Borges / Bioy en Libro del cielo y del infierno (126): "Con un solo beso, la novia se hace más merecedora del Paraíso, que todos los mercenarios que trabajan hasta la muerte."

(La palabra "Mittling" no figura en ninguno de los diccionarios compulsados. Por su raíz, sugiere a alguien que se ocupa más de los medios que de los fines. Podría referirse también a un "mediador", tanto en el sentido de "comerciante" o "mercenario", como en el religioso, según el cual los santos o María interceden ante dios.)

        Man sagt, GOtt mangelt nichts, er darff nicht unsrer / Gaben:

        Issts wahr – Was will er dann mein armes Hertze haben?

        [III 123: Se dice que a Dios nada le falta, que no precisa nuestros dones.

        Si es verdad, ¿para qué quiere mi pobre corazón?]

        Die Schönheit lieb ich sehr: Doch nenn ich sie / kaum schön,

        im Fall ich sie nicht stets seh untern Dörnen stehen

        [III 89: Amo mucho la belleza. Pero apenas la llamo bella

        si no la veo siempre entre espinas.]

        Ist deine Seele Magd und wie Maria rein,

        so muß sie augenblicks von GOtte schwanger sein.

        [II 104: Si tu alma es virgen y como María pura

        debe estar en este preciso momento de Dios embarazada.]

        Johann Scheffler - 1624-77 / Médico Luterano (Convirtió?)

La pregunta que Borges anota puede ser respondida afirmativamente, ya que, en efecto, Scheffler convirtió en 1653 al catolicismo, fecha en la cual también adoptó su nuevo nombre (Ángel de Silesia). A pesar de su agnosticismo, Borges siempre se sintió atraído por místicos y conversos.

En el dorso de la contratapa del mencionado volumen, Borges anotó:

        "Todo es simultáneo en la eternidad – 49 –

        [Cf. V 148: Jn der Ewigkeit geschieht alles zugleiche

        Dort in der Ewigkeit geschieht alles zugleich.

        Es ist kein vor noch nach / wie hier im Zeitenreich.

        En la eternidad ocurre todo al mismo tiempo

        Allí en la eternidad sucede todo simultáneamente.

        No hay, como aquí en el reino temporal, ni antes ni después.]

        Jorge Luis Borges [rúbrica]

        noviembre del 1923

        Blüh auf gefrorner Christ, der Mai ist für der Thür.

        Du bleibest ewig Todt, blühstu nicht jetzt und hier.

        [III 90: Florece, aterido cristiano, mayo está ante puertas.

        Permanecerás por siempre muerto si no floreces aquí y ahora]

(Recuérdese que en Europa el "mayo amoroso" es el mes primaveral por excelencia.)

        Halt an! Wo lauffstu hin? Der Himmel ist in dir.

        Suchstu Gott anderswo, du fehlst Ihn für und für.

        [I 82: ¡Detente! ¿A dónde vas? El cielo está en tí.

        Si buscas a Dios en otra parte, lo perderás para siempre.]

Extraña que el agnóstico Borges se ocupara tan en detalle de este místico, pero, como se verá más abajo, no fue el único.

Antes de pasar al capítulo siguiente, reproduciré una anécdota.

En 1982 Borges recitó pasajes de Angelus Silesius durante su encuentro con el escritor Ernst Jünger en Alemania. Éste relata la escena en su diario (Siebzig Verweht, III), bajo la fecha 27 de octubre de 1982:

"Die Unterhaltung zwischen uns Fünften, die wir in der Bibliothek sassen, war polyglott; deutsche, spanische, französische und englische Sätze durchkreuzten sich. Borges rezitierte auf deutsch Angelus Silesius, auch altenglische Verse; dabei wurde seine Sprache deutlicher, als ob er auf seine Jugend zurückgriffe. Ich bedauerte, dass ich nicht spanisch gelernt hätte, um Cervantes und Quevedo im Urtext lesen zu koennen - natürlich auch Borges."

(Trad. CG: "La conversación entre los cinco que estábamos en la biblitoeca fue políglota; se entrecruzaron frases en alemán, español, francés e inglés. Borges recitó en alemán Angelus Silesius, también versos en antiguo inglés; al hacerlo, su manera de hablar se tornó más clara, como si recurriera a su juventud. Lamenté no haber aprendido español, para poder leer a Cervantes y a Quevedo en original – y a Borges, naturalmente.")

II

Daniel von Czepko

Como epígrafe de "Nueva refutación del tiempo" (Otras inquisiciones; texto conformado por pasajes de 1944 y 1946), Borges trae una cita de Daniel von Czepko. No se trata, como podría suponerse, de un autor inventado por Borges, sino de uno de los varios místicos alemanes de cuya obra Borges se ocupara en las décadas del 30 y del 40 (entre ellos, los aquí tratados Angelus Silesius y Meister Eckhart).

El epígrafe reza, en el rimado original alemán:

        Vor mir war keine Zeit, nach mir wird keine seyn.

                Mit mir gebiert sie sich, mit mir geht sie auch ein.

Traduzco el texto así, no sin despojarlo de la virtud mnemónica que posee el original gracias a la rima:

        Antes de mí no había tiempo, después de mí no habrá ninguno.

        Conmigo se genera, conmigo sucumbirá también.

Como fuente, Borges aduce un pasaje de "Sexcenta monodisticha sapientum, iii, ii. (1655) "– que es, en realidad, de III, 11.

(Aunque en el título original se lee Sapientum, algunos autores lo corrigen en Sapientium.)

En cuanto al autor, Daniel von Czepko o Daniel Czepko von Reigersfeld (1606-1660), era hijo de un sacerdote protestante. Visitó la escuela latina en Schweidnitz; estudió Medicina y Derecho. Estuvo expuesto al influjo de numerosos autores de tendencia mística: entre ellos el ya mencionado Meister Eckhart, pero también Tauler, Paracelso, Böhme y Tschech.

Las Sexcenta, escritas entre 1640 y 1647-1648, son breves poemas religiosos y filosóficos, a la manera de los de Angelus Silesius, a los cuales servirían de modelo (von Czepko y Silesius pertenecían al mismo grupo religioso de conversos.)

He aquí un ejemplo, entresacado de muchos posibles, que ilustra la inspiración de Silesius en Czepko (en el dístico del aquí comentado epígrafe), pero también cómo el alumno trasciende al maestro. Lo escojo del Cherubinischer Wandersmann I, 189:

        Der Mensch der macht die Zeit.

        Du selber machst die Zeit: das Uhrwerk sind die sinnen:

        Hemstu die Unruh nur / so ist die Zeit von hinnen.

Traduzco, inmelodiosamente:

        El hombre hace el tiempo.

        Tú mismo haces el tiempo: el reloj son los sentidos.

        Apenas atascas el desasosiego / desaparece el tiempo.

El "desasosiego" (en alemán, "Unruh") es aquí una instancia psicológico-metafísica, pero es también, prosaicamente, una parte del reloj (un pequeño resorte así llamado).

Aparte de la cita aludida al comienzo del capítulo, no encuentro otras señas del trato entre Borges y von Czepko.

III

Meister Eckhart

Para cerrar este breve ciclo de trabajos acerca de Borges y sus lecturas de los místicos alemanes, revelaré poco divulgados indicios de su trato con Meister Eckhart (Eckhart von Hochheim), un sacerdote de la orden de los dominicanos, que vivió entre 1260 y 1327. Predicó con gran éxito en toda Alemania; hacia el final de sus días, sin embargo, la iglesia católica le hizo un proceso, incriminando 28 de sus frases.

En una biblioteca de Buenos Aires se conserva el siguiente volumen, que perteneciera a Borges: Meister Eckharts deutsche Predigten und Traktate. Ausgewählt, übertragen und eingeleitet von Friedrich Schulze-Maizier. [Prédicas y tratados alemanes de Meister Eckhart. Seleccionados, traducidos y prologados por Friedrich Schulze-Maizier] Leipzig: Insel Verlag [1927, 1934] 1938 (Pan-Klub, Sig. 107/14).

Se trata de un libro de 449 páginas, que contiene algunas anotaciones de Borges en la última. Las notas comienzan con su firma y la fecha: "Jorge Luis Borges, 1939", y prosiguen:

"Ich lebe, um zu leben 183"

[Vivo para vivir]

Para mejor comprensión, cito el contexto original en el libro de Eckhart:

Wenn einer tausend Jahre lang das Leben fragte: "Warum lebst du?"– gäbe es ihm Antwort, es würde nur das Eine sagen: "Ich lebe, um zu leben." Das kommt daher, weil das Leben aus seinem eigenen Grunde lebt und aus seinem Eigenen quillt: darum lebe ich ohne Warum, eben weil es nur sich selber lebt. Fragte man einen wahrhaften Menschen, einen, der aus seinem eigenen Grunde wirkt: "Warum wirkst du deine Werke?" sollte er recht antworten, er würde nichts anderes sprechen, als: "Ich wirke, um zu wirken."

[Si uno preguntara mil años seguidos a la vida: ¿Porqué vives? – y ella respondiera, diría siempre lo mismo: "Vivo para vivir." Ello proviene de que la vida por sí misma vive y desborda de lo propio; por eso vivo sin porqué, precisamente porque ella se vive a sí misma. Si se le preguntara a una persona sincera, una que trabajara por sí misma: "¿Por qué haces tu trabajo?", y ésta respondiera correctamente, no diría otra cosa que: "Trabajo para trabajar."]

"Gott ist mir näher als ich mir selber bin – 192"

[Dios me está más cerca de lo que me estoy yo mismo]

En esta prédica que trata sobre el conocimiento divino, el contexto es el siguiente:

Ich bin dessen so gewiss, wie ich lebe, dass mir kein Ding so nahe ist wie Gott. Gott ist mir näher als ich mir selber bin, mein Wesen hängt daran, dass Gott mir nahe und gegenwärtig ist. Das ist er ebenso einem Stein und einem Holze, aber sie wissen es nicht.

[Estoy tan seguro como de que vivo de que ninguna cosa me está tan cerca como Dios. Dios me está más cerca de lo que me estoy yo mismo, mi ser depende de que Dios me esté cerca y presente. Él lo está igualmente de la piedra y de la madera, pero ellas no lo saben.]

"Denn Gott tut überhaupt nichts um irgendeiner Kreatur Willen – 295"

[Pues Dios no hace absolutamente nada por criatura alguna]

"In Gott sind alle Dinge Gott selber – 304"

[En Dios son todas las cosas Dios mismo]

"Gottheit und Gott – 334"

[Divinidad y Dios]"



Huelga mencionar que el agnóstico Borges no leyó estos libros como creyente, sino como autor: recibió de ellos inspiración para sus relatos y ensayos. (Lo mismo vale para el presente glosador.)

Apéndice

Gustav Theodor Fechner (o Kurd Lasswitz)

En su vertiginoso ensayo titulado "La biblioteca total", Borges menciona muchas personas, pueblos y hasta figuras de la literatura universal. En esta glosa, sólo me ocuparé de una de ellas.

El texto de Borges comienza con este párrafo:

        El capricho o imaginación o utopía de la Biblioteca Total incluye ciertos rasgos, que no es difícil confundir con virtudes. Maravilla, en primer lugar, el mucho tiempo que tardaron los hombres en pensar esa idea. Ciertos ejemplos que Aristóteles atribuye a Demócrito y a Leucipo la prefiguran con claridad, pero su tardío inventor es Gustav Theodor Fechner y su primer expositor es Kurd Lasswitz.

No me ocuparé aquí del calumniado Kurt o Kurd Laßwitz, Laszwitz o Lasswitz (el nombre aduce diversas grafías) – aunque bien lo merecería, visto que algunos "estudiosos" (por llamarlos de alguna manera no punible por la ley) de la obra de Borges lo consideran invención de éste.

(Alguno de esos desorientados scholars norteamericanos, que lo trata de "hipotético", ofrece, para irrealizarlo aún más, una falaz y poco imaginativa etimología del apellido; otro, esta vez vernáculo y menos inmisericordioso, lo traslada meramente al siglo XIV. Inolvidable es también la resoluta petulancia de una "investigadora" latinoamericana, que basaba su aserto acerca de la inexistencia de Lasswitz en que ningún libro suyo se hallaba en la biblioteca de su universidad...)

Lasswitz no sólo existió, como todos y cualwuiera de nosotros; fue además autor de numerosos libros, entre los cuales sobresalen Geschichte der Atomistik (Historia de la atomística. Hamburg, 1980); Religion und Naturwissenschaft (Religión y ciencia natural. Leipzig: Elischer, 1904); Seifenblasen. Moderne Märchen (Pompas de jabón. Cuentos [de hadas] modernos. Berlin: Emil Felber, 1928); la novela Auf zwei Planeten (En dos planetas. Berlin: Emil Felber, 1897; reeditada en 1930), y varios volúmenes de relatos, entre los cuales sobresale el titulado Traumkristalle (Cristales oníricos; 1902), que es el libro al cual Borges, menos fraudulento de lo que suponen muchos de sus lectores (o fraudulento en otros sentidos), alude en el pasaje arriba citado.

Pero mi atención de hoy se dirige al calumniable Gustav Theodor Fechner (1801-1887), un místico y farragoso alemán proveedor de fantasías seudocientíficas que inquietara la segunda mitad del impresionable siglo XIX.

De entre sus demasiado numerosas obras registro sólo las siguientes: Vergleichende Anatomie der Engel (Anatomía comparada de los ángeles, 1825, libro que pudo pasar aún por una broma); Das Büchlein vom Leben nach dem Tode (El librito de la vida después de la muerte, Dresden, 1836; Borges poseyó un ejemplar de este título, impreso en Leipzig, sin fecha, por la editorial Insel. El libro, que se conserva en un archivo de Buenos Aires, muestra huellas de lectura, y aduce en su última página la anotación: "Jorge Luis Borges, 1938, Adrogué"); Zend-Avesta, oder Über die Dinge des Himmels und des Jenseits. Vom Standpunkt der Naturbetrachtung (Zend-Avesta, o Sobre las cosas del cielo y del más allá. Desde el punto de vista de la observación de la naturaleza, Leipzig, 1851.

Borges y Bioy citan un pasaje del Zend-Avesta de Fechner en su Libro del cielo y el infierno, 21970, 91-92); Über die Seelenfrage (Sobre la cuestión del alma; Leipzig, 1861).

Una antología de sus escritos sobre la "Allbeseelung" (o sea la improbable compenetración y vivificación del Todo mediante el alma o el espíritu) apareció bajo el título Das unendliche Leben (La vida infinita; München: Mattes & Seitz, 1984), con un esforzado y demasiado comprensivo epílogo de Gert Mattenklott.

Vale la pena acotar que (07/91, 04/97)Macedonio Fernández menciona a Fechner en carta de mayo de 1948 a su hijo Adolfo de Obieta, quien le había remitido un libro innominado de Fechner desde USA (Obras Completas II, 229).

Se trataba, según he comprobado, gracias al entretanto fenecido Adolfo de Obieta, en la biblioteca póstuma de Macedonio, de Religion of a Scientist. Selections from Gustav Th. Fechner. Edited and translated by Walter Lowrie (Pantheon Books, 1948). El ejemplar conservado cobija una dedicatoria de Adolfo de Obieta a su padre: "Macedonio: La 'religión de un hombre de ciencia', mientras esperamos la 'religión de un metafísico'– Adolfo – Nueva York, abril 1948."

(Entre paréntesis, el arriba mencionado Lasswitz fue editor de un libro de Fechner: Nanna oder Über das Seelenleben der Pflanzen [Nanna o Sobre la vida espiritual de las plantas] Leipzig, 1848, reeditado numerosas veces.)

Así como la idea pseudo-científica de Fechner encuentra en Lasswitz su traductor a la literatura, el texto de Lasswitz es, a su vez, traducido por Borges primero en el arriba mencionado ensayo "La biblioteca total", y luego en su relato "La biblioteca de Babel", al cual le sirve de complejo entretelón.

Fuente : Letras Uruguay

           

Análisis en torno a la Biblioteca de Babel

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Una mirada al apasionante cuento de Borges "La Biblioteca de Babel" donde la temática de la infinitud y la finitud se hacen presentes.

Por Luis Felipe Caneo

Una de las problemáticas abordadas por la humanidad a lo largo de la existencia es el tópico de la infinitud y la finitud, un tema que el gran escritor argentino José Luis Borges aborda en diversos cuentos, como en la Biblioteca de Babel. Es un cuento inserto dentro del libro Ficciones que narra la historia de un bibliotecario que relata su experiencia  de vida en cuanto a la función que realiza en el día a día. Lo interesante del planteamiento de Borges dice relación con la metáfora utilizada: la biblioteca es el semejante del universo, de lo infinito[1].
 Es importante señalar que el gran filósofo y matemático Pascal describían al universo, lo infinito, como una esfera cuyo centro está en todas partes y la circunferencia en ninguna, un razonamiento posible de hallar en la Biblioteca de Babel como queda graficado en la siguiente frase: “La Biblioteca es una esfera cuyo centro cabal es cualquier hexágono, cuya circunferencia es inaccesible”. Es posible, además, de hallar en el cuento la tesis pitagórica de Nietzsche: éste dice que el universo se repite en forma cíclica, tal como ocurre con la Biblioteca: “Si un eterno viajero la atravesara en cualquier dirección, comprobaría al cabo de los siglos que los mismos volúmenes se repiten en el mismo desorden (que repetido, sería un orden: el Orden)”.
 Al buscar las razones de la utilización de lo infinito en la Biblioteca, éstas se explican no por una búsqueda de la verdad sino por un anhelo de asombro y diversión intelectual. A lo anterior, debemos sumar que Borges, una vez que vio los efectos de la Segunda Guerra Mundial, tomó conciencia de que en sus escritos resaltaba el nacionalismo, por lo que decidió en sus creaciones futuras enfrentan a los personajes a ideas.
La Biblioteca de Babel se ve una comparación entre el universo y la biblioteca infinita que está compuesta por una multitud de galerías hexagonales e idénticas. Una biblioteca que está gobernada por dos axiomas: el primero de ellos dice relación con que la biblioteca existe desde la eternidad y el segundo de ellos es que los libros están conformados por una  combinación aleatoria de 25 signos ortográficos.

 El rasgo infinito y totalizador de la biblioteca en cuestión nos lleva al problema eje del cuento de Borges: “Cuando se proclamó que la Biblioteca abarcaba todos los libros, la primera impresión fue de extravagante felicidad. Todos los hombres se sintieron señores de un tesoro intacto y secreto. No había problema personal o mundial cuya elocuente solución no existiera: en algún hexágono. El universo estaba justificado, el universo bruscamente usurpó las dimensiones ilimitadas de la esperanza. […] A la desaforada esperanza, sucedió, como es natural, una depresión excesiva. La certidumbre de que algún anaquel en algún hexágono encerraba libros preciosos y de que esos libros preciosos eran inaccesibles, pareció casi intolerable”.  
   
          Una mirada al narrador del cuento
 Para comprender los escritos es clave identificar el tipo de narrador que prima en la obra y cómo éste se expresa en el relato, un ejercicio que haremos con la “Biblioteca de Babel”. Es así como a lo largo del cuento reseñado es posible de hallar dos narradores: el primero de ellos es un narrador personaje[2] y un narrador editor[3], el  grado de conocimiento que se observa en ellos se explica por la función desarrollada dentro de la historia: en el caso del primero hallamos un conocimiento total ya que él nos cuenta una experiencia propia[4], en el segundo presenta un conocimiento relativo ya que su misión es aportar antecedentes a la historia y en ese sentido desconoce muchos aspectos de la misma. Tiene una estructura abierta el relato, dado a que al final de la obra, del escrito, señala que la biblioteca es infinita y siempre mantiene el mismo orden, por lo que cualquier viajero en la historia de la humanidad va a hallar el mismo orden. Fiel al estilo Borges, concluye “La Biblioteca de Babel”[5] con un final sin terminar, abierto.
 Al buscar el punto de hablada en el relato, éste lo hallamos en el narrador personaje: está él en la biblioteca al final de su vida. Un momento en la vida en que desea relatara la historia de la Biblioteca para traspasar el conocimiento que tuvo en torno a la biblioteca, con el fin de que en el futuro sepan quién fue y donde se desarrolló su vida; al mismo tiempo, anhela que al dar a conocer los secretos de la biblioteca, por decirlo de alguna manera, alguien puede optar por el honor y la sabiduría que en su vida no hallo.
 La “Biblioteca de Babel” muestra a lo largo de sus páginas una historia visible y otra oculta: la primera de ellas nos narra las experiencias de un sujeto, que se expresan mediante el narrador personaje, en torno a su lugar de trabajo: la biblioteca y la segunda, por su parte, se refiere a la problemática de la infinitud y finitud en la existencia humana y como lo anterior influye en la concepción en torno a la biblioteca. Dos historias que, al final de cuentas, configuran un lector: el que está leyendo el cuento, es decir, todos nosotros, haciéndonos una invitación en forma implícita a reflexionar sobre las ideas de la infinitud en nuestro día a día.

 En resumen, en el cuento citado vemos como Borges refleja en el relato el enfrentamiento entre un personaje protagonista, el bibliotecario, y la idea de la infinitud que a la larga genera una duda en torno a si realmente sabemos qué es la finitud o es simplemente una sensación mental, una ficción que la certeza a nuestra existencia. Una interrogante que, al igual que los cuentos de Borges, queda abierta, sin respuesta.  

[1] Lo que quiere hacer Borges es destruir la certeza que tenemos hoy en día en torno a la finitud, uno de los fundamentos de la realidad. Ante este escenario, el lector se ve inserto en un ambiente de imposibilidad de representación de lo infinito.
[2] Éste es un narrador que utiliza la primera persona, sabemos que es bibliotecario y ya está en el final de sus días, es viejo. Este narrador se encuentra dentro de la historia, ya que dado a sus características nos cuenta una experiencia  propia.
[3] La función del citado narrador  fue poner el epígrafe, las notas al pie de página etc. Sabemos con respecto a él que realizó su trabajo en el Mar del Plata en el año 1941,  mas mayores detalles se desconocen. Este narrador se halla fuera de la historia, pues su función dice relación con aportar detalles sobre aspectos de la historia.
[4] Allí está la clave para entender porque a uno de los narradores de este cuento se le denomina narrador autoral.
[5] El relato en el cuento está fundamentalmente en presente, dándole el paso al pasado cuando el narrador recuerda viejos tiempos de su vida y futuro se hace presente al imaginar su muerte.

Fuente :  El Mundo de Ayer y hoy

Ficción y realidad en La biblioteca de Babel de Borges

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La  biblioteca  de  Babel, de  Jorge  Luís  Borges, es  una  descripción  y  visión  profunda  del  universo (es  decir, la  biblioteca)  y  del  posicionamiento  del  ser  humano  en  éste. El  narrador  del  relato  es  representado, ya  que  aparece  inserto  dentro  del  texto, jugando  un  rol  protagónico. Dicho  cuento  pertenece  a  la  ficción, lo  cual  es  indudable. Sin  embargo: ¿aquello  implica  la  inexistencia  de  trozos  de  realidad  en  el  texto? El  presente  trabajo  se  propone  demostrar  que    es  posible  observar  una  relación  con  la  realidad  en  La  biblioteca  de  Babel. Además  se  hará  una  análisis  sobre  la  pertinencia  de  dividir  tajantemente  lo  imaginario  de  lo  real.

Borges, escritor  argentino, nace  en  Buenos  Aires (1899)  y  muere  en  Ginebra  (1986). Dado  que  provenía  de  una  familia  acomodada, tuvo  la  oportunidad  de  visitar  Europa. Realiza  un  viaje  a  España, que  marcó  su  carrera. Allí   se  vincula  con  movimientos  vanguardistas, formando  parte  del  ultraísta. Cuando  vuelve  a  Argentina, participa  activamente  del  proceso  vanguardista  latinoamericano. Esta  es  considerada  la  primera  etapa  de  su  obra, la  que  se  caracteriza  por  una  marcada  tendencia  esteticista.

En  una  segunda  etapa  el  autor  se  aleja  de  las  vanguardias, llegando  a  criticarlas  muy  duramente. Esto  es  visible, a  modo  de  ejemplo, en  su  rechazo  a  “(…) la  idea  de  lo  nuevo  y  la  idolatría  de  la  máquina” (Schwartz  80). Sin  embargo, aunque  “ (…) cuestionará  la deconstrucción  formal  a  ultranza  en  la  que  se  sumergen  los  autores  vanguardistas, hay  que  destacar  que  no  deshecha  un  principio  básico  de  la  estética  vanguardista:  la  obra  de  arte  es  en    misma  un  centro  significante; que  toda  obra  posee  una  legalidad  interna  a  partir  de  la  cual  se  despliega  el  sentido  del  texto, descartando  con  ello  una  concepción  estética  que  entiende  el  sentido  del  arte  en  una  relación especular  con  la  realidad” (Cisterna, diapositiva  12). Empero, cabe  mencionar  que  el  hecho  de  que  la  obra  adquiera  independencia  del  contexto  histórico, no  quiere  decir  que  no  aluda  a  éste  de  alguna  manera.

La  biblioteca  de  Babel  forma  parte  de  la  segunda  etapa  en  la  obra  del  autor, como  el  resto  de  sus  cuentos. El  principio  que  opera  en  los  cuentos  de  Borges  tiene  que  ver  con  la  construcción  de  una  realidad  alternativa: la  ficción. Para  dicho  autor  la  realidad  es  imposible  de  abarcar  cognitivamente. Se  exhibe  de  manera  caótica  y  azarosa. Frente  a  ese  caos, el  hombre  tiene  como  alternativa  la  literatura. Por  medio  de  ésta, puede  darle  lógica, sentido  y  comprender  ese  entramado  que  es  la  realidad, que  se  le  presenta  como  algo  indescifrable, ilógico  y  sin  sentido.

Según  Borges  no  existe  una  realidad  fuera  de  la  conciencia. No  hay  una  gran  verdad, una  que  sea  universal  Al  contrario, el  idealismo  que  profesa  dicho  escritor  es  totalmente  relativista. No  hay  un  mundo, sino  muchos  dependiendo  del  individuo: no  es  la  verdad,  es  mi  verdad. Aquí  se  observa  que  no  hay  un  universo  real  y  uno  imaginario. Ambos  se  entremezclan, conformando  infinitas  realidades, que  varían  de  un  ser  a  otro.   

El  teórico  literario  Thomas  Pavel  (simbolista)  afirma  que  la  ficción, al  ser  una  construcción, obtiene  independencia  de  la  realidad. Además  puede  “ influenciarnos  vigorosamente, de  manera  no  muy  diferente  a  una  colonia  asentada  en  otro  país, que  desarrolla  su  estructura  propia  y  singular  para  más  tarde  llegar  a  afectar  en  diversas  formas  la  vida  de  la  madre  patria” (Pavel  177-178). Luego  de  hacer  esta  analogía, el  autor  declara  que  la  ficción  no  tiene  en  todos  los  casos  un  contenido  ideológico  que  pueda  influir  en  la  realidad. Dice: “ A  menudo, los  arreglos  ficticios  pretenden  elevar  al  máximo  la  distancia  entre  realidad  y  ficción” (Pavel  178). Para  aseverar  lo  dicho, presenta  el  caso  de   La  biblioteca  de  Babel.

Si  se  toma  en  cuenta  el  movimiento  vanguardista  ultraísta  al  que  perteneció  el  autor, se  puede  hacer  una  relación  con  la  tesis  de  Pavel.  Esta  corriente  promueve  la  total  autonomía  del  objeto  artístico  ante  su  contexto. Se  renuncia  a  cualquier  función  referencial, no  habiendo  necesidad  de  volver  a  la  realidad  para  comprender  la  obra. Al  haber  sido  Borges  militante  ultraísta,  se  podría  deducir  que  su  propósito  efectivamente  era  alejarse  lo  más  posible  de  la  madre  patria, prescindiendo  de  la  necesidad  de  volver  a  la  realidad  para  entender  el  texto  en  su  amplitud. Pero  las  intenciones  del  autor  se  separan  de  la  obra  en  gran  parte  de  las  teorías  literarias  recientes (esto  es  algo  que  Pavel  no  considera, razón  por  la  cuál  se  puede  discutir  con  él). El  lector  adquiere  relevancia  en  el  análisis  del  texto. Por  lo  mismo, es  importante  considerar  su  opinión: si  el  destinatario  ve  en  este  cuento una  referencia  a  la  realidad, es  porque  de  cierta  forma, aunque  sea  casi  impenetrable, ésta  existe (por  cierto, siempre  apoyado  en  las  marcas  textuales). Sin  embargo, una  conclusión  radical  en  torno  a  esto  es  compleja, teniendo  en  cuenta  que  hay  infinitos  posibles  lectores, sometidos  a  infinitas  subjetividades  e  infinitos  contextos.

Al  tomar  en  consideración  una  teoría  literaria  que  distingue  y  separa  la  vida  del  autor  del  sentido  del  texto, el  hecho  de  que  dicho  autor  halla  pertenecido  al  movimiento  ultraísta  poco  importa  a  la  hora  de  analizar  La  biblioteca  de  Babel  (además  hay  que  recordar  que  este  cuento  no  pertenece  a  su  etapa  ultraísta). Por  lo  demás, en  el  caso  de  que  se  quisiera  establecer  algún  tipo  de  vínculo, el  mismo  Borges  afirma, acerca  de  su  participación  en  las  vanguardias: “Estoy  arrepentido  de  esa  participación  en  escuelas  literarias. Hoy  no  creo  en  ellas. Son  formas  de  la  publicidad  o  conveniencias  para  la  historia  de  la  literatura. Actualmente, no  profeso  ninguna  estética. Creo  que  cada  tema  impone  su  estética (…) Desconfío  de  una  estética  preliminar, sobre  todo  de  una  estética  previa. Hoy, cuando  pienso  en  esa  escuelas, pienso  que  fueron  un  juego  y, a veces, un  juego  hecho  para  la  publicidad, nada  más. No  obstante, tengo  un  buen  recuerdo  de  aquellos  amigos, pero  no  de  nuestras  arbitrarias  teorías” (Schwartz  82).         

Al  hacer  un  análisis  de  la  presente  obra, sí  se  puede  percibir  un  vínculo  con  la  realidad. A  modo  de  ejemplo, en   el  texto  se  halla  manifiesta  la  lucha  del  hombre  por  el  conocimiento, por  encontrarle  respuestas  certeras  a  lo  desconocido, lo  que  trae  nefastas  consecuencias: “Miles  de  codiciosos  abandonaron  el  dulce  hexágono  natal  y  se  lanzaron  escaleras  arriba, urgidos  por  el  vano  propósito  de  encontrar  su  Vindicación. Esos  peregrinos  se  disputaban  en  los  corredores  estrechos, proferían  oscuras  maldiciones, se  estrangulaban  en  las  escaleras  divinas, arrojaban  los  libros  engañosos  al  fondo  de  los  túneles, morían  despeñados  por  los  hombres  de  regiones  remotas. Otros  se  enloquecieron…” (Borges  468).  Se  puede  observar  claramente  como  este  cuento  aporta  conocimiento  sobre  el  conocimiento  mismo.

El  saber  que  crea  este  texto  de  ficción  es  bastante  extenso. Detrás  del  ejercicio  racional  del  escritor, subyace  una  serie  de  imágenes  simbólicas  que  nos  entregan  visiones  de  la  sociedad. La  Biblioteca, es  decir, “El  universo” (Borges  465) se  presenta  ante  el  lector  como  un  lugar  interminable, complejo  en  su  estructura  y  nunca  posible  de  conocer  en  su  cabalidad. Esto  tiene  mucho  que  ver  con  la  idea  que  los  hombres  tenemos  del  cosmos, algo  inconmensurable, que  a  ratos  nos  deja  estupefactos  debido  a  nuestra  incapacidad  de  conocerlo  certera  e  íntegramente, pero  también  debido  a  nuestra  capacidad  de  maravillarnos. El  universo  de  la  obra, tal  como  el  real, perdura  por  sobre  la  especie  humana: “la  Biblioteca  perdurará: iluminada, solitaria, infinita, perfectamente  inmóvil, armada  de  volúmenes  preciosos, inútil, incorruptible, secreta” (Borges  471).

La  biblioteca  de  Babel, a  raíz  de  lo  ya  mencionado, abre  las  puertas  a  una  reflexión  esencial  en  la  experiencia  humana: la  permanente  búsqueda  del  hombre  por  descubrir  aquella  certidumbre  que  se  encuentra  oculta  en  algún  recoveco  del  cosmos  “nos  anula  o  nos  afantasma” (Borges  470). Creer  que  existe  una  verdad  implacable  y  hacer  de  nuestro  fin  su  búsqueda, nos  priva  de  todos  los  posibles  sentidos  y  goces  que  puede  brindar  la  vida.

A  través  del  presente  relato  de  Borges, el  lector  puede  conferirle  múltiples  significados  a  lo  angustiante  de  su  existencia, con  el  fin  de  equilibrarla. Esto  contribuye, en  un  aspecto  funcional, a  la  profundización  del  conocimiento  del  ser  humano  sobre  si  mismo  y  ofrece  una  posibilidad  de  mejorar  su  existencia. Por  lo  mismo, es  evidente  que  la  ficción  influye  directamente  en  la  historia, determinándola. Si  el  universo  es  la  biblioteca  y  lo  que  allí  sucede  representa  elementos  del  mundo  existente, entonces  este  texto    es  capaz  de  incidir  en  la  realidad.

Si   se   considera  que  el  lenguaje  es  algo  ficticio, al  ser  una  invención  arbitraria, donde  la  palabra  no  tiene  relación  directa  y  natural  con  lo  que  representa, y  éste  es  el  primordial  instrumento  que  tenemos  para  conformar  nuestro  universo  existente  y  a  nosotros  mismos, entonces  es  probable  que  una  gran  porción  de  lo  que  creemos  parte  del  mundo  real  sea  un  imaginario.

El  pensamiento  nace  de  la  capacidad  imaginativa, por  lo  que  la  construcción  de  la  sociedad  es  producto  de  la  ficción.  A  partir  de  imaginarios  (como  los  conceptos  de  nación, economía, familia, moral, religión, política, etc.)  la  sociedad  se  autoconstruye  y  el  modo  en  que  ésta  se  piensa, es  deconstruyendo  aquellos  sentidos. En  otras  palabras: la  realidad  se  reflexiona  a  si  misma  a  través  de  la  ficción.  Como  consecuencia, separar  drásticamente  las  fronteras  entre  lo  real  y  lo  imaginario  puede  ser  una  tarea  infructuosa  y  hasta  sin  sentido. Hacer  una  lectura  unilateral  de  los  textos  ficcionales; siempre  en  función  de  definir  lo  que  es  ficción  y  lo  que, supuestamente, es  realidad, nos  limita  el  acceso  a  los  múltiples  significados, saberes  y  enseñanzas  que  nos  pueden  proporcionar  estas  obras.
Breve  relato  propio

A  continuación  se  profundizarán, a  través  de  un  breve  relato  propio, las  visiones  y  pensamientos  del  narrador. 

En  busca  de  Dios ( el  libro  cíclico)  he  recorrido  los  interminables  hexágonos  del  universo, revisado  los  anaqueles. En  mis  viajes  he  presenciado  hombres  imponiendo  inadmisibles  estructuras, con  el  único  fin  de  exterminar  potenciales  contrincantes;  otros  peregrinos ansiosos, soñadores, egoístas.  He  visto  miles  de  ambiciosos  en  busca  de  su  Vindicación  y, a  momentos, he  sido  yo  uno  de  ellos. Vagabundos  sagaces, patriotas  implacables, abnegados  creyentes, nihilistas  y  falsos  revolucionarios. Mi  vida  se  cansa  de  infames  visiones, pero  cuando  de  súbito  lo  frígido  se  me  vuelve  sugestivo  recobro  las  esperanzas. El  universo  se  mantendrá  incólume.   

Bibliografía

-Borges, Jorge  Luís. Obras  completas, volumen I, La  biblioteca  de  Babel. Buenos  Aires: Emece, 1974.

-Cisterna, Natalia. Jorge  Luis  Borges, PowerPoint.

-Garrido, Antonio.  Teorías  de  la  ficción  literaria, Las  fronteras  de  la  ficción, deThomas  Pavel. Madrid: Arco/Libros, 1997.

-Schwartz, Jorge. Las  vanguardias  latinoamericanas, México, Fondo  de  cultura  económica, 2006.                

Fuente : Rincon de Escritores

Borges, harto de Borges

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 Entrevista inédita ralizada por Xavier Rubert de Ventós en 1982

Éste es un fragmento del diálogo que mantuve con Borges en su casa de Buenos Aires, el verano de 1982, desde que me abrió la puerta su vieja criada hasta que vino a cenar con nosotros su hermana Norah, viuda de Guillermo de Torre. Pese a ser "analfabeta" (como precisaba Borges con cierto orgullo), la criada no carecía de reflejos ágiles ni de una admirable capacidad de utilizar en su provecho los acontecimientos imprevistos. En menos de 10 minutos pasó así de dialogar suspicazmente desde el resquicio de la puerta y cerrármela en las narices a entregarme a su amo, ex­plicarme que debía parar la lavadora al sonar un pitido y a escapar de la casa para no volver hasta tres horas más tarde (luego Vargas Llosa me ha contado que a él le pasó algo parecido). En este tiempo tuve yo que abrir la puerta, contestar al teléfono, acompañarle a que me enseñara sus cuadros de tigres y el vestido rosa de su madre desplegado sobre la cama... Al día siguiente me pidió que le acompañara al cementerio donde iban a enterrarle, y allí nos recogió María Kodama, que venía de la Universidad.

-Dice usted que nació en un suburbio de calles aventuradas y ocasos invisibles, y añade: "Pero lo cierto es que me crié en un jardín, detrás de una verja con lanzas, y con una biblioteca ilimitada de libros ingleses".

-Sí, era la biblioteca de mi padre y de mi abuelo... Sí, de mi padre, de mi abuela y de mi bisabuelo.

-¿No será eso su personal experiencia de un destino general de América? Mario Faustino dijo que lo propio de América fue "nacer adulta", con una jurisprudencia ya desarrollada, una joya arabista, una prosa ya barroca... Aun hoy mismo, en la República Dominicana le insultan a uno en la calle llamándole "hereje" o "sin concepto".

    Creo que los americanos somos europeos desterrados. Yo no tengo nada en común, digamos, con los aborígenes

-No había pensado en eso. Pero creo que, de algún modo, todos somos europeos. Europeos en el exilio, en el destierro, ¿no? Creo que los americanos somos europeos desterrados. Y eso nos hace heredar toda la cultura occidental. No sé si lo hemos aprovechado hasta ahora... quizá Estados Unidos lo hizo mejor que esta América. En todo caso, yo creo que no tengo nada en común, bueno, digamos con los aborígenes. Tengo una gota de sangre guaraní por ahí, pero eso no cuenta mayormente. Y creo que somos, sí, occidentales. Salvo que eso de occidentales también es falso, ya que en la cultura occidental Israel no es menos importante que Grecia. Entendida Roma como ex­tensión de Grecia, desde luego. Pero creo que sentimos eso y debemos tratar de merecerlo.

-Para usted Buenos Aires es "un viejo hábito"...

-Sí, yo no conozco bien la ciudad. Como casi todo el mundo, conozco lo que se llama el centro, que topográficamente es un extremo de la ciudad.

-A mí me sorprendió que Keyserling hablara de la esencia o del carácter de Buenos Aires como el "no te metás", que se correspondería con el catalán "no t'hi emboliquis".

-Sí, pero hay también el otro adagio, "primero tira tu lanza", que sería lo con­trario.

-¿Coexisten ambos en su país? ¿Coexisten como en la plaza de Mayo, donde según usted se mezclan "la clara guerra contra los españoles y la oscura guerra contra el gaucho"?

-Exactamente. Aunque no sé; yo no puedo hablar con ninguna autoridad so­bre Buenos Aires. Es una ciudad que dejé de ver hacia 1950 y tantos.

 -Pero sobre la que no ha dejado de escribir.

-No, he seguido escribiendo, pero siempre he pensado en aquel Buenos Aires pretérito, un Buenos Aires que ha desaparecido. Sin embargo, ocurre una cosa curiosa, y es ésta: yo puedo estar en Lucer­na, puedo estar en Tokio; pero eso es durante la vigilia. Cuando sueño, sin embargo, siempre sigo estando en Buenos Aires. Y sobre todo en la Biblioteca Nacional, en la calle de México, o, si no, en aquel Buenos Aires de casas bajas de mi niñez. Es decir, algo mío se queda en Buenos Aires aun cuando viajo. Yo he viajado por buena parte del mundo, pero nunca sueño en estos lugares. ¿Cómo le diría yo?; estoy en Japón, estoy en Egipto, estoy en Irlanda, estoy en Tejas, pero eso durante la vigilia. Cuando sueño, estoy en Buenos Aires, en un Buenos Aires que, desde luego, sólo existe en la memoria de hombres viejos como yo...

-Entonces usted sólo creería en la nacionalidad que se sueña.

-Sí, tengo valor cívico, que no valor físico. Mi cirujano y mi dentista lo saben muy bien

-Sí, en una nacionalidad onírica...

-Y por tanto muy épica...

-¡Pero, desde luego! Yo creo que el nacionalismo ha traído muchos males. Ante todo, va contra la pareja distribución de los bienes espirituales y materiales; eso es una. Y la otra es que na­cionalismo da a creer que cada país es el único; que el idioma que cada uno habla es evidentemente el mejor... Mañana va a salir un poema mío, en el que hablo de eso. Hablo de lo que me parece eso de estar parcelado en países, cada uno con su mitología peculiar, con antiguas o recientes tradiciones, con un pasado sin duda heroico, con agravios, con litigios...

-Usted es muy pacífico, pero se enfrentó valientemente a los peronistas...

-Sí, tengo valor cívico, que no valor físico. Mi cirujano y mi dentista lo saben muy bien. Una vez, a mi madre la amenazaron de muerte por el teléfono, a las tres o a las cuatro de la mañana. Una voz grosera le dijo: "Yo los voy a matar, a vos y a tu hijo". "¿Por qué, señor?", dijo mi madre. "Por­que soy peronista". Ella le contestó: "Bueno, en el caso de mi hijo es muy fácil, está ciego; sale todas las mañanas a las diez de esta casa. En cuanto a mí, les aconsejo que se apuren, que no pierdan tiempo telefoneando, porque he cumplido 80 y tantos años, y a lo mejor me les muero antes".
"Me les muero". Eso no puede decirse en otros idiomas. Sí, quizá en inglés: "I die on you". Pero no tiene tanta fuerza, ¿no? Sí, "me les muero antes"... Entonces el otro cortó la comunicación. Le pregunté: "¿Qué pasó, madre? ¿Sonó el teléfono?". "Sí", me dijo, "un sonso..." Y me repitió la conversación. Luego, cla­ro, no pasó nada. A veces hay un placer de la amenaza. Después quedan desaho­gados. Uno ha cumplido con su deber y no tiene por qué pasar a mayores.

-Usted decía también que el dolor más terrible es el previsto, el anticipado.

-Sí, claro. La mejor muerte para el moribundo sería un paro cardiaco, ¿no? Ser fulminado sería lo mejor. Pero para los que quedan, no. Mejor prepararse el día de la muerte.

Jorge Luis Borges, El Eterno.

-¿Por qué me ha pedido que nos acercáramos a su tumba, a su bóveda?

-La verdad es que la palabra es un poco triste, ¿no? Pero es mi bóveda...

-... Y la bóveda de sus antepasados.

-Sí. Pero curiosamente yo siento que no están aquí. Si yo pienso en mi madre, yo pienso que ella está en mi casa, y que el hecho de que sus restos estén aquí es... bueno, es verdadero, pero yo no puedo sentirlo. Y sé que está aquí mi abuela y mis abuelos... Están los parientes míos, tantos amigos... Yo sé que eso es un hecho real, pero para mí no es un hecho, digamos, emocional. Siento que realmente ellos están en otra parte; cier­tamente no encerrados aquí...murió hace seis años, está allí, en mi casa. En cambio, aquí sé que están sus restos, pero me parece que eso, emocionalmente, no es cierto. ¿No es mejor pensarlo así? Sería muy triste pensar que está aquí...

-Pero a usted le he oído iro­nizar también sobre la muerte en una milonga que dice: "No hay cosa como la muerte...".

-Sí. "... para mejorar la gente". Y luego tengo otra de un condenado a muerte, que es: "Manuel Flores va a morir. / Eso es moneda corriente. / Morir es una costumbre, / que suele tener la gente". Respecto a la "otra vida", no sé qué decirle: ambas cosas son igualmente increíbles. La inmortalidad personal es increíble, pero la muerte personal también lo es.

-Aparte de creíble o no, ¿resulta para usted querible? Se lo pregunto porque en algunos tex­tos parece que usted no sólo no crea, sino que tampoco quiera esta inmortalidad.

-Ah no; en mi caso personal, no. Ahora, si yo pudiera ser in­mortal en otra situación, y con el olvido total de haber sido Borges, pues bien, entonces acepto la inmortalidad. Pero no sé si tengo derecho a decir "acepto". Creo que en el budismo se niega la existencia del alma. Se supone que cada individuo, durante su vida, construye una suerte de organismo mental, que es el karma, y que ése es heredado por otros, no por él, ya que si no creemos en el yo no podemos creer en la muerte personal, ¿no? Buena parte del libro Las cuestiones del rey Milinda (Milinda es una evolución sánscrita del Menandro, que es un catecismo budista), buena parte de este libro está dedicada a la negación del yo. El yo como el que han negado Hume, Fernández y Schopenhauer.

-En este sentido, es usted muy poco unamuniano...

-Ah, desde luego. Unamuno estaba loco. Yo no sé cómo no estaba cansado de ser Unamuno. Y eso que no vivió tanto como yo. Yo estoy harto de Borges. Cada mañana, al despertar y encontrarme con él, me digo...

-¿"A ése le tengo ya muy conocido..."?

-Eso, una tristeza, sí. Ya estoy harto de ese... un interlocutor permanente.

-Una actitud no tan distinta, sin embargo, de la de Kierkegaard, que deseaba lo absolutamente Otro. Esta posición radicalmente religiosa, ¿no conecta de algún modo con una posi­ción radicalmente nihilista como la suya?

    Me gustaría sobre todo leer y también ver las caras de las personas que quiero y los lugares donde estuve con amigos

-Sí, claro. Esto "otro" sería Dios, ¿no?

-No sé; Dios o la Nada. En todo caso, la no-continuidad de lo humano más allá de este mundo.

-Hay ya un exceso de lo humano aquí.

-Y no desearía usted, en ningún caso, su continuación.

-No, yo no. Tengo la esperanza -mi padre tenía la misma- de morir enteramente, de morir en cuerpo y alma, si es que el alma existe.

-¿Y cómo comprende usted que para mucha gente eso no constituya una esperanza, sino un desasosiego?

-Yo conozco a mucha gente religiosa, y están un poco aterrados. Porque o esperan el paraíso -lo cual, como dijo Bernard Shaw, es un soborno- o se temen el infierno. En cambio, una per­sona que no cree en ninguna de las dos posibilidades, una persona como yo, que no se cree digna de castigos o de recompensas eternas, puede estar tranquila. Pero todo es tan raro, la verdad, que a lo mejor perseguimos este diálogo en otro mundo...

-Usted escribió: "Descreo de la democracia, ese curioso abuso de la estadística". Y en otro lugar habló de la dictadura diciendo que favorece la opresión, favorece el servilismo y, lo que es peor, favorece la idiotez.

-Curiosamente, aunque yo haya dicho estas últimas palabras, estoy de acuerdo con ellas. En cuanto a la democracia, creo que por ahora (y ahora puede significar cien años) en este país somos indignos de ella. En cuanto a la dictadura, ya conocemos sus efectos devastadores. Pero yo, realmente, no entiendo de política. Soy un tranquilo e inofensivo anarquista spenceriano. Y de anarquismo saben ustedes, los catalanes.

-¿Conoció usted a nuestros modernistas y noucentistas: Rusiñol, Maragall, Bertrana, Ors...?

-Ah, sí, a Ors sí. ¿Vive todavía este muchacho?

-Murió hace ya algunos años. ¿Le conoció usted personal­mente?

-No, me interesaron muchísimo algunos ensayos suyos. Muy finos, muy finos... Hasta que leí una especie de novela suya, no recuerdo ahora el nombre, que me pareció intolerable. No leí nada más de él.

-¿Se refiere a La bien plantada?

-Eso, La bien plantada. Inaceptable. Las medidas del torso, la cintura y los tobillos de la protagonista eran absolutamente intolerables. Decidí no volver a abrir un libro suyo.

-Lo que sí ha continuado manejando fue el Diccionario etimológico de Coromines. (Cojo de la estantería una primera edición desgastada por el uso, y con el Coromines en las manos, hablamos del Cratilo platónico, del carácter representa­tivo o arbitrario de las palabras, de su historia y transformación).

-Vea cómo el término sajón bleich, que significa sin color, derivó de un modo contrapuesto: en castellano a blanco y en inglés a black (negro).

-¿Será por algo parecido por lo que los chistes procaces son en castellano chistes verdes y en inglés chistes azules?
-La verdad, no entiendo esta inversión por la que el verde, que debería sugerir algo natural, vino a significar en castellano todo lo contrario. Pero encontraré la solución. En cuanto la halle, le escribo enseguida. (Borges habla siempre de temas retóricos, etimológicos o incluso poéticos en términos de verdad, de solución, de exactitud).
-¿Pero tiene usted aún el Coromines en las manos?

-Sí.

-Pues busque el término jazz... Mire, en el inglés criollo de Nueva Orleans to jazz quería decir fornicar. O, más precisamente, fornicar de un modo breve, espasmódico, violento, como sugiere el sonido mismo de la palabra. Es como tango, que no viene, como creía Lugones, del tangere latino, sino de la etimología africana que veíamos antes en el Coromines. Nolli me tangere-just jazz it... Aunque tampoco estoy seguro. Si yo pudiera consultar... pero hace ya años que no veo.

-Tres cosas se pierden al perder de vista "el mundo de la representación" -como llamaría usted al mundo físico-, el mundo de los libros y el mundo de la propia escritura. Son tres pérdidas distintas.

-Cierto. -¿Cuál ha ido más dolorosa para usted?

-No. A mí me gustaría sobre todo leer, leer por ejemplo un ver­so erótico de Eduardo Marquina donde todo es un juego de reflejos en espejos. Y me gustaría también ver las caras de las personas que quiero... las caras de mis amigos. Y también los lugares donde estuve con amigos: la librería Salvat-Papasseit en Barcelona. Pero venga usted y acompáñeme a la otra habitación, donde le enseñaré los cuadros de tigres y el último vestido de mi madre.

Fuente : La casa del Autor



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